“Já recebemos muitos clientes que, à primeira vista, nem sequer perceberam que era um restaurante”, começa por contar o proprietário do 88, Seong Peng Ho, calculando que isso se deve à decoração escolhida. “Também ouvimos, com frequência, que o nosso restaurante está escondido. Até tivemos pessoas que entraram aqui julgando tratar-se de um hotel. Não é curioso?”
Talvez seja mesmo devido ao aspeto diferenciado do espaço, que apresenta um ambiente sofisticado e que contrasta com o estilo mais colorido de grande parte dos restantes restaurantes chineses em Portugal. O conceito, que abriu no centro de Cascais em agosto, foca-se nas especialidades típicas das províncias do sul da China, de Cantão a Macau.
Seong Peng Ho, de 68 anos, é bastante reservado, tanto sobre a vida profissional como a pessoal. Sobre a nova casa, porém, o investidor de Hong Kong mostra-se generoso nas palavras. “Nas nossas visitas a Portugal, descobrimos que não existia um autêntico restaurante de comida cantonesa. Decidimos abrir o 88 para colmatar essa lacuna, onde servimos pratos tradicionais cantoneses. Queremos promover esta cozinha específica e mudar a perceção dos portugueses sobre a comida chinesa, que é uma categoria demasiado genérica.”
Embalado na descrição, Seong Peng Ho recorda que as quatro principais tradições gastronómicas da China são as cozinhas de Sichuan, Shandong, Cantão e Huaiyang, representando respetivamente as regiões oeste, norte, sul e leste da China. “E temos ainda de considerar as oito principais escolas culinárias modernas: Anhui, Cantão, Fujian, Hunan, Jiangsu, Shandong, Sichuan e Zhejiang.”
Relativamente ao foco do 88, o empresário realça que a história milenar da cozinha cantonesa. “A preparação dos pratos tradicionais é conhecida pela sua complexidade e atenção aos detalhes. Não se resume à forma de preparar os alimentos, é também a expressão de uma cultura, atmosfera, equilíbrio, tradição e cor particulares.”
Expressões que se saboreiam nos pratos mais elaborados da carta, como várias confeções de peixe e marisco só por encomenda, mas em especial na mais conhecida dádiva de Cantão ao mundo: os dim sum. “No nosso restaurante, são todos feitos de acordo com métodos tradicionais e artesanais.”
O menu, embora longe de ser uma daquelas listas intermináveis tão comuns em alguns restaurantes chineses, inclui várias opções. Ali, a aposta é composta sobretudo por clássicos, como as gyozas de camarão (8,80€/4 unidades), a sopa wonton (6€), o camarão a vapor com alho (29,80€/6 unidades), os rolos de papel de arroz (16€/5 unidades) ou o popular pão recheado com creme de leite e ovo (6€/2 unidades). O rol de sugestões inclui ainda frango com arroz e molho de gengibre e cebolinho (19€) e, claro, pato à Cantão (16,80€).
Pratos que se apreciam num ambiente onde impera a serenidade. “A decoração combina elementos orientais e ocidentais, temos recebido muitos elogios dos clientes. Podem sentir-se longe do bulício dos centros urbanos, aproveitando o ambiente tranquilo, elegante e confortável.”
O nome escolhido é facilmente interpretado por quem sabe um pouco da China, mas Seong Peng Ho explica para quem desconhece. “Na cultura chinesa, é associado à prosperidade e boa sorte. A preferência dos chineses pelo número oito deve-se ao facto de que, em cantonês, a pronúncia das palavras oito e riqueza é semelhante. Além disso, escolhemos o nome 88 como símbolo daquilo que desejamos aos amigos e familiares.”
A seguir, carregue na galeria para conhecer alguns pratos cantoneses da carta e espreitar a decoração do restaurante.