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A cascalense que deixou a banca para concretizar o sonho de ter um negócio aos 60 anos

A cozinha sempre fez parte da vida de Rita Mendes Correia, mas foi com as receitas sem glúten que descobriu a sua vocação.
Uma história inspiradora.

A história de Rita Mendes Correia começou quando o seu filho, na altura ainda miúdo, revelou alguns sintomas pouco comuns no que toca à alimentação. Depois de várias idas ao médico, foi diagnosticado com intolerância ao glúten. Há mais de 20 anos, não sabia bem como encarar esta notícia e foi necessário reaprender as receitas que fazia em casa. Porém, este problema acabou por lhe abrir as portas para um novo mundo que desconhecia até então.

“Aos poucos, fui substituindo as farinhas e procurei compreender como poderia interpretar os pratos que o meu filho gostava e estava habituada a fazer e retirar este ingrediente: o glúten”, explica a empreendedora de 64 anos à New in Cascais. A verdade é que Rita sempre gostou de cozinhar e não hesitava em receber convidados em casa.

No entanto, esta pequena condição do filho foi a chave principal para alimentar o sonho de Rita, ainda que não se tenha apercebido logo. “Sempre quis ter um negócio próprio, mas a verdade é que quando temos filhos pequenos e uma família para sustentar, torna-se mais difícil de arriscar”, sublinha.

Por isso, só anos mais tarde e depois da pré-reforma, decidiu finalmente apostar no seu sonho. “Aos 50 e poucos anos, inscrevi-me na pré-reforma, na altura estava a trabalhar há cerca de 20 anos no setor da banca e senti que era a minha oportunidade. Sabia que podia continuar a trabalhar, mas pareceu-me uma boa forma de sair do mundo laboral tradicional e experimentar uma nova faceta”. 

“Sabia que nunca iria querer parar completamente, teria de fazer sempre alguma atividade que me mantivesse ocupada, principalmente enquanto tiver saúde e capacidade para tal”. Apesar de poder parecer caricato, Rita considera que não o poderia ter feito noutra altura da vida. “A vida já está organizada e a verdade é que agora consigo fazê-lo com mais leveza. Se corresse mal, o risco não era tão grande”, acrescenta. 

Os primeiros passos foram dados através de uma marca local de bolachas sem glúten que, além de ter sido um sucesso, deu a Rita a oportunidade de escrever o seu primeiro livro. “Nessa altura, decidi ficar-me pela doçaria, porque era uma vertente que gostava e não havia grande oferta. O mercado era muito pequeno e sabia que tinha de dar um salto. Tinha o objetivo de entrar nas grandes superfícies, mas há cerca de cinco, seis anos era muito difícil”. 

Uns anos mais tarde, apareceu um casal interessado neste negócio e Rita decidiu que seria a altura ideal para mudar de rumo. Assim o fez: remodelou completamente o pequeno espaço onde fazia o seu fabrico próprio de bolachas e renovou o conceito. “A minha passagem pela doçaria foi ótima, mas uma vez que consegui atingir os meus objetivos nesse parâmetro, senti que tinha de partir e experimentar outro aspeto deste negócio”, salienta.

Nesse momento, Rita desafiou a irmã a embarcar nesta aventura com ela e, por isso, Rosarinho saiu de um consultório médico onde trabalhava há 20 anos para se juntar ao projeto. “Ela é muito mais social do que eu e adora o atendimento ao público. Tinha todo o perfil que estava à procura. Enquanto eu prefiro ficar a inventar as receitas e conceitos. Fazemos uma boa equipa”. 

Assim, há cerca de um ano, nasceu a Fábrica, um restaurante pequeno e familiar que abriu na Rua 1º de Maio, mesmo ao lado da Escola Básica da Aldeia de Juzo, em Cascais. Embora os projetos fossem mudando, Rita sempre quis permanecer no mesmo lugar, onde confessa ter sido muito feliz. “Um dos principais desafios é convencer as pessoas que as piadinas são refeições completas”.

Aqui não há espaço para produtos processados ou atalhos industriais. Tudo é feito diariamente, à mão e com ingredientes frescos e biológicos. As estrelas da casa são as piadinas, com massa que vem diretamente de Itália, sem conservantes e 100 por cento natural.

A mediterrânica (com presunto, mozzarella, tomate assado, salada e molho balsâmico) e a mexicana (com frango, mozzarella, pasta de abacate e cebola crocante) são as favoritas, ambas a 9,5€. Nas sobremesas, pode encontrar o bolo de chocolate sem glúten (4,5€) um best-seller absoluto, tal como os sumos naturais, que variam entre os 3€ e os 5€. Entre eles, destacam-se a limonada da casa com morango (3€) e o sumo de manga, banana, leite de aveia e sementes de chia (5€), uma verdadeira bomba de energia e sabor. Tudo, sem aditivos.

Durante a semana, há também um menu de almoço por 12,5€, com piadina e salada ou salada completa (como a de salmão fumado), sumo do dia e café — ideal para quem procura um almoço saudável e nutritivo mas não abdica do sabor. Para o verão, Rita promete trazer açaís naturais de forma a ter uma oferta mais diversificada. 

Carregue na galeria para conhecer melhor o mais recente projeto de Rita Mendes Correia, a Fábrica.

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