“Olha a bolinha! Com creme e sem creme”. Esta é uma das frases mais repetidas e ouvidas nas praias portuguesas de norte a sul do País. Porém, se há uns anos a oferta de bolas de Berlim com recheio se limitava ao creme de ovo, agora há um número infindável de sabores para escolher — e não é só na praia que pode prová-los.
Os supermercados também se juntaram à tendência e têm cada vez mais propostas, com cremes para todos os gostos. O Auchan, por exemplo, fez regressar a coleção de bolas de Berlim com vários sabores — e o difícil vai ser escolher só um. Até 15 de setembro, encontra na zona da pastelaria oito diferentes versões à escolha, algumas delas com sabores bem peculiares.
Além da típica massa neutra, existe o bolo feito com massa de alfarroba e recheada com creme de ovo, mas essa não é a única novidade. Entre os recheios mais clássicos, como chocolate de avelã, chocolate branco, caramelo salgado, manga e maracujá, há também sabores mais irreverentes, tais como pistacho, piña colada e mojito. Cada uma destas versões custa, no máximo 1,10€, sendo que a clássica sem creme está disponível por 0,75€.
Aproveite e leia o artigo sobre Felismina Domingues, a algarvia de 75 anos que começou a tradição de vender bolas de Berlim no Algarve há cinco décadas. Quando o marido foi para a guerra do Ultramar, viu-se desamparada e com uma filha pequena por criar. Para tentar arranjar algum dinheiro começou a preparar alguns bolos. “Juntava ovos, açúcar e farinha e depois decidi fritar a massa e fiz um género de sonhos, mas mais leves”, recorda.
Deu a provar a alguns familiares e amigos, que reconheceram o jeito de Felismina para a pastelaria. Em 1966 acabou por abrir uma pequena fábrica e fazia dezenas de bolas à mão, sem qualquer auxílio de equipamento. Os clientes começaram a chegar e o passa a palavra acabou por resultar no crescimento do espaço. “Naquela altura era mais fácil, porque não havia concorrência”, admite.
Nesse mesmo ano, no verão, Felismina pediu a alguns cunhados que fossem vender as bolas fritas para a praia. “Por essa altura as famílias mais ricas começavam a fazer férias pelo Algarve e lembrei-me que talvez gostasse de um doce para dar energia entre mergulhos. Com a ajuda família e de uns garotos que contratei, começámos a vender pelos areais de Altura”, adianta.
O recheio foi uma alternativa que encontrou para combater o desperdício das bolas que não eram vendidas. “As que sobravam, no dia seguinte recheava-as com doce de ovos. A certa altura passaram a fazer quase tanto sucesso como as simples, então passei a fazer as mesmas quantidades”, refere.