Quando, no passado mês de dezembro, partilhámos o menu daquela que seria a última refeição de 2023 no Fortaleza do Guincho, avisámos os leitores que seria também a última oportunidade de fazer uma refeição no espaço durante algum tempo. O restaurante (e o hotel de que faz parte) encerrariam para uma renovação total, com a promessa de regressarem com “uma Fortaleza mais aberta e luminosa e um novo menu a dar as boas-vindas à primavera”.
Quanto à nova carta criada pelo chef Gil Fernandes, ainda não foram desvendados grandes pormenores. No entanto, o espaço reabriu esta segunda-feira, 18 de março, com um upgrade a nível de decoração. A localização e a paisagem que o rodeia são, já de si, uma tela a céu aberto, incentivando a excelência visual que querem também ter no interior.
Instalado numa das encostas do Guincho, de frente para o Oceano Atlântico, o Hotel Restaurante Fortaleza do Guincho é ícone de hospitalidade e boa gastronomia desde que foi inaugurado, em 1998. Esta foi, aliás, a maior intervenção feita no espaço desde então. Agora, há novas razões para visitá-lo, seja pela primeira vez ou para matar saudades.
“Algures ‘onde a terra acaba e o mar começa’, a Fortaleza mantém-se o refúgio mais apetecível à beira-mar, ainda mais acolhedor e arrojado”, refere. “As zonas comuns, como o claustro, o bar e o restaurante Spot, estão agora mais amplas e luminosas, deixando sobressair a arquitetura original, com texturas variadas e uma palete de cores que evoca o mar e a natureza circundante”, aponta o espaço.
Foram explorados novos recantos, focados no conforto e na elegância, para que os hóspedes, clientes e visitantes possam aproveitar da melhor forma tudo o que há para conhecer, dentro de portas, sempre rodeados pela paisagem deslumbrante.
O claustro que, até então, era apenas um local de passagem, passou a ser ponto de paragem obrigatório, ideal para beber um copo, para ler ou simplesmente relaxar. Os quartos mantêm a linha identitária da Fortaleza, com as casas de banho totalmente renovadas.
O restaurante e o menu de Páscoa
No restaurante, o objetivo é que os clientes sintam o Atlântico a invadir a sala. O tema do mar e os tons de azul mantêm-se dominantes, com destaque para a tapeçaria da artista algarvia Vanessa Barragão, numa das paredes. A decoração está agora mais despojada, em harmonia com a luz natural que enche de vida o amplo espaço.
As dez semanas de pausa foram utilizadas para fazer algumas melhorias na cozinha, permitindo também um momento de reflexão para o chef e a sua equipa, para chegar a novas inspirações, essenciais para que o novo menu de Gil Fernandes possa surpreender os clientes. Relembramos que, nos últimos meses, o nome do chef esteve em destaque.
Em janeiro, ganhou o prémio de Chef Revelação de 2023 na 15.ª edição dos Prémios Mesa Marcada, cuja gala aconteceu no Centro de Congressos do Estoril. Já em fevereiro, Gil Fernandes, de 34 anos, reconquistou a estrela Michelin para o Fortaleza do Guincho. Há quase seis anos à frente desta cozinha do espaço, revelou à NiC que “é um orgulho contribuir para a excelência da gastronomia do País”.
“Encontramos em pleno Parque Natural de Sintra-Cascais, numa fortificação do século XVII, hoje transformada em hotel, que ainda recorda o seu passado militar com dois grandes canhões na entrada. A localização encanta pelas vistas do oceano e do Cabo da Rocha. No seu elegante restaurante, de carácter panorâmico, o chef Gil Fernandes defende através dos seus menus, a inspiração marinha da casa com a reinterpretação da cozinha de autor, potenciando a estética e recorrendo, ainda mais, aos produtos da zona. Vá com tempo, pois é muito agradável ver anoitecer nas mesas junto às janelas e só há lugar nelas para os primeiros a chegar”, escreveu o Guia Michelin sobre o restaurante.
Por enquanto, vai poder provar o menu de Páscoa, uma tradição da casa, que celebra esta nova etapa da Fortaleza do Guincho. “Os menus são regidos por uma filosofia de valores gastronómicos que assentam na qualidade do produto, sabor, tradição, estética e sazonalidade”, refere o chef.
Desta carta especial fazem parte sabores de diferentes zonas do País e referências familiares, como é apanágio de Gil Fernandes. As entradas: “Da Praia do Abano” composta por pão de massa mãe e manteigas caseiras; “1884” apresenta pepinos recheados e caril Chagas; e “Galinheiro Avó São” com caça, Topinambur e Inula.
Seguem-se os pratos de peixe: “Pesca do Polvo” com caranguejo real dos Açores, achar caseiro e polvo; “Domingueiras” composto por robalo, couve, caldo do cozido à Portuguesa. Depois, chega a “Realidade Alentejana” com borrego Merino, cuscos transmontanos e cogumelos selvagens. A viagem gastronómica termina com Kanafeh, queijo da Serra e pistáchio. O menu degustação custa 155€.