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Ir ao Aires no Estoril é fazer uma viagem à boémia argentina dos anos 20

O novo restaurante argentino aposta na sofisticação, sem esquecer o dulce de leche e as carnes grelhadas.
O chão inspira-se no tango.

“Autêntica paixão argentina”. O slogan torna-se ainda mais real quando Gabriela Balbi começa a falar sobre o seu país. “Queremos mostrar a nossa cultura, a tradição, a paixão argentina pelo futebol, pelo tango, pela música e pela comida”, explica a gerente de 36 anos, argentina de gema e com raízes no norte.

Aires, numa referência à capital daquele país, Buenos Aires, foi o nome escolhido para o restaurante que, desde o início de dezembro, está a receber clientes no Estoril. O projeto tem a mão de um casal argentino que trocou a vida executiva pela calma portuguesa. Um restaurante não estava propriamente nos planos. Sabiam apenas que queriam trazer a cultura argentina para Portugal.

Quando a casa no Estoril apareceu à venda, compraram o espaço e transformaram-no num restaurante. Na sua visão, esta paixão só fazia sentido se fosse traduzida por argentinos. É aqui que entra Gabriela Balbi e a chef Marianela Ramadán. “Juntámo-nos ao projeto para mostrar a nossa cultura através da carne, do vinho, da erva mate”, reforça a gerente.

Tudo tem uma explicação. “O chão axadrezado imita os pisos dos sítios onde nos anos 20 se dançava o tango, a preto e branco, em mármore Calacatta”, justifica. A decoração é também parte dessa viagem até Buenos Aires durante os loucos anos 20, das colunas ao ambiente entre o tango e a boémia.

Na ementa, quiseram espelhar essa tradição com os ícones da cozinha argentina, mas com um “lado de sofisticação”. Conte com alguns dos pratos típicos, sobretudo do norte da Argentina, entre empanadas, a humita e os tamales.

A aventura começa com as empanadas (9€), mas também com as provoletas, uma versão argentina do conhecido provolone: a Aires (14€) serve-se com rúcula, tomates confitados, presunto e uma redução de Coca-Cola e Fernet Branca; a Clássica (10,5€) é a receita habitual com orégãos e malagueta moída.

Pode também começar a refeição com uma receita típica, o Caramelo de Tamal Andino (8,5€), um tamale recheado com carne e envolvido em farinha de milho; mas levar também à mesa os medalhões de morcela (11€), moelas crocantes (16€) ou chouriço Crioulo (9,5€).

Não seria uma experiência argentina sem a carne, aqui levada ao infalível Josper. Há lombo de novilho (32€), entrecôte (35€), vazia (26€) e entranha (28€). Se preferir, pode aventurar-se pelos pratos de autor, entre eles a famosa Humita (18€), milho amarelo cremoso, servido numa caçarola, com uma base de queijo Quarttirolo, açúcar negro e cominhos. “Todas as pessoas que até agora provaram esse prato, e que são portuguesas, dizem que é um sabor que nunca experimentaram na vida”, nota Albi.

Ao chegar às sobremesas, seria uma impossibilidade que por lá não se encontrasse o típico doce de leite. Está presente na Chocotorta (6,5€), um bolo com bolachas de chocolate, café, natas e doce de leite, mas também é rei na Trilogia de Dulce de Leche (7,5€), que traz um cone de doce de leite, Maicenita (um alfajor de milho recheado com doce de leite) e Cabsha de chocolate branco e doce de leite. Quer mais? Então tome nota: há um pudim Flan (7€) só com doce de leite, creme de mel de cana e areia de frutos secos torrados.

Outro suspeito do costume é a erva mate, aqui usada em vários cocktails. Mas quem preferir pode virar-se para os vinhos, outro produto de excelência da Argentina e que foi tratada com todo o cuidado.

“Procurámos incluir sugestões de regiões menos conhecidas, que representam apenas três a quatro por cento do vinho”, refere a gerente sobre as mais de 20 referências na carta. O objetivo? Ir além do óbvio, até ao coração da argentina. “Ir para lá do Malbec”, conclui.

Carregue na galeria para ver mais imagens do espaço e dos pratos.

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