O restaurante nasceu no espaço do antigo Raio Verde, abandonado há muitos anos, pelas mãos de José Avillez. O novo espaço do chef premiado, que se situa na Estrada do Guincho, chama-se Maré. O conceito apresenta “uma cozinha contemporânea inspirada na gastronomia marinheira e tradicional portuguesa, com algumas influências das viagens” do chef, refere o próprio.
Maré promete surpreender até quem já conhece os outros restaurantes de José Avillez, alguns distinguidos com Estrela Michelin. Tudo porque apresenta uma combinação auspiciosa, que o próprio nome denuncia: mar, peixe, marisco, modernidade e tradição. Porém, o processo não arrancou de maneira tão promissora. “Foi sido uma novela”, começa por contar Avillez. “É um projeto anterior à Covid, mas teve alguns problemas de licenciamento e a pandemia veio atrasar bastante.”
Erguido nas rochas, de frente para o Atlântico, e ao lado do Mar do Inferno e do Monte Mar, o edifício do antigo Raio Verde foi comprado em 2018, após mais de 30 anos desocupado. “Tem a particularidade de ser bastante perto do sítio onde nasci, e por isso, tenho uma relação muito especial com ele. Diz-me muito. Ainda me lembro de lá ir em pequeno, quando era um restaurante muito emblemático”, revela. Por isso mesmo, quando ultrapassada toda a burocracia, quis manter alguns dos detalhes no novo espaço.
Há agora há um grande painel de azulejos com motivos marinhos e muitas paredes têm texturas que replicam desenhos na areia. Outros dos elementos distintivos da decoração, é uma manta: “Temos uma daquelas raias muito grandes penduradas numa das salas, toda feita em madeira por um artesão”, descreve. O objetivo foi tornar o espaço bonito e agradável, “já que à noite a zona fica muito escura e as pessoas voltam-se para o interior do restaurante”.
“Investimos muito nesse lado”, garante. Um cuidado evidente na iluminação, que foi colocada de forma estratégica para criar um ambiente confortável. Do mar que dali se avista chegam os verdadeiros protagonistas da carta, com “influências de viagens”, bem como propostas para partilhar, muitas entradas, pratos novos e outros inspirados em sugestões dos restantes espaços de José Avillez.
“Digo isto meio a brincar meio a sério, mas a intenção não é fazer concorrência direta aos negócios que já lá existem. A ideia não é ter peixe grelhado como é muito habitual nesta zona. Temos pratos com esse produto, sim, mas são feitos à nossa maneira. O que quero mesmo é acrescentar ou juntar algo novo”, explica.
Há cozinha de tacho, com arroz, cataplanas e várias açordas. E também um bar de crus, de onde sairão os marinados. “Tudo à volta dos peixes e mariscos da nossa costa. Como habitual, a carta foi criada por Avillez, mas é Filipe Pina, que trabalha há vários anos com o chef, que estará à frente da cozinha. Luciano Marques é outros dos colaboradores habituais que também está envolvido no Maré.
Entre os pratos que se destacam estão o arroz de carabineiros, caranguejo e amêijoa; o Royal de Mariscos; o carabineiro escalado com molho Maré; o robalo braseado, servido fatiado com azeite, cebolinho e limão; o bife do lombo, com molho à Café e batatas fritas e, para terminar em grande, podeprovar o toucinho-do-céu, com pinhões e sorvete de framboesa.
“Estamos muito contentes. É um projeto com muitos desafios. Um deles foi mesmo tentar, de alguma maneira, fugir aos filetes com arroz de berbigão, que sei que é das primeiras coisas que me vão pedir. Mas não quero fazê-los”, afirma.
“O valor base anda à volta dos 60 ou 65€”, refere o chef. O restaurante com quase 200 lugares, contabilizando o interior e exterior, funciona entre quarta-feira a domingo. Ao fim de semana tem horário contínuo entre as 12h30 às 23h30.
“As expetativas são altas”, conclui o chef, sobre esta espécie de regresso a casa. Afinal, José Avillez começou a sua carreira a trabalhar no conhecido restaurante Fortaleza do Guincho, antes de abrir o seu primeiro projeto em 2011, o Cantinho do Avillez, em Lisboa, que ainda hoje se mantém em funcionamento.
Carregue na galeria para conhecer as primeiras imagens do restaurante Maré.
