A vida pode dar voltas surpreendentes e a de Natacha Fink é prova disso mesmo. Natural de Manaus, no Brasil, em 2020 atravessou o Oceano Atlântico e chegou a Cascais com um propósito: apresentar a saborosa e rica gastronomia da Amazónia ao concelho. É no eco lounge Palaphita, em Cascais, que o faz. Em 2024, o conceito chegou também ao Estoril, com uma concept store onde além de roupas, plantas e outros artigos, são também servidos sabores do Brasil.
O sucesso dos projetos em que está envolvida tem sido grande e o reconhecimento dos cascalenses não tardou a chegar. Natacha Fink é a vencedora na categoria de “Melhor Chef” nos Prémios NiC 2024, na categoria de melhor chef. Na votação, que decorreu entre os dias 16 e 27 de dezembro, não houve dúvidas: a vitória foi conquistada com 54 por cento dos votos.
“Sinto-me honrada e grata. Atravessei o oceano, sai do Brasil durante a pandemia, fechei o meu restaurante e aventurei-me para Portugal. Cascais é uma nova casa para mim e este prémio espelha bem o reconhecimento e como fui tão bem recebida pela comunidade“, comenta Natacha.
Começou a carreira profissional como jornalista, profissão que exerceu durante 11 anos. No entanto, a cozinha sempre foi um gosto pessoal, um motivo de união da família. No entanto, foi numa reportagem à Amazónia que se apercebeu que ainda tinha muito para aprender. Mergulhou na cultura gastronómica local e descobriu que não eram necessárias muitas coisas para se fazer um bom petisco.
“Eu via os povos indígenas a limpar o peixe, a prepará-lo e a deitá-lo numa caldeirada com apenas três ingredientes, algo rústico e simples, mas que ficava fenomenal. Foi nesta altura que me debrucei sobre a cozinha e comecei a dar mais valor aos produtos, como a mandioca”, esclarece.
O seu primeiro restaurante, Espírito Santa, no Brasil, foi um sucesso. Ficou aberto durante 16 anos, até à pandemia da Covid-19. Os planos para vir para Portugal já existiam, por isso juntou o útil ao agradável e chegou a Cascais para abrir o Palaphita, na Casa da Guia, juntamente com irmão, Mário de Andrade.
“Em 2007 já tinha passado um tempo aqui em Cascais, porque o meu marido veio fazer um documentário em Portugal e teve que ficar a morar por aqui, durante um ano. Nesse período, descobri Cascais e foi um lugar que me impactou muito. Então, sempre fiquei com a ideia de que se um dia viesse morar para a Europa, tinha de ser em Cascais”, acrescenta.
Natacha traz pratos com vários toques ou referência à Amazónia. Um desses exemplos é o polvo, que, apesar de não ser um alimento consumido naquela zona, a chef consegue dar essa essência, com o uso de salsa, manjericão e castanha do Pará. Serve com chutney de cupuaçu, com chutney de cajá e maionese, além de adicionar mel picante e mel de caju. Todos esses elementos adicionam a cor amazónica aos pratos.
Para 2025, Natacha revelou à NiC que estão para chegar novidade muito saborosas ao Palaphita. “Neste momento, estou a trabalhar nas novidades de verão, vamos ter muita coisa nova. Pretendemos fazer máximo proveito da nossa experiência ao ar livre e a nossa vista, sendo valores únicos do espaço. Queremos uma gastronomia que nos conecte com a natureza e, para isso, não vamos apenas lançar um petisco, posso garantir que vêm aí muitos pratos, que vão explorar cada vez mais a nossa horta”, conclui.
Carregue na galeria para ver imagens do Palaphita e de alguns pratos que pode provar por lá.