Uma simples ida às compras pode transformar-se numa autêntica equação matemática. Além das letras que indicam os tamanhos e, evidentemente, dos preços de cada artigo, os clientes da Zara também notam outros símbolos nas etiquetas — formas geométricas, neste caso. Contudo, o papel que desempenham não é evidente.
As especulações sobre o significado das tais formas geométricas começaram a surgir por volta de 2019, impulsionadas pelas redes sociais. Entre os variados palpites online, um deles ganhou destaque, originando o mito mais popular: os símbolos estão relacionados com o estilo das roupas.
Muitos acreditam que os três desenhos — triângulo, círculo e quadrado — oferecem uma forma rápida de identificar o tipo de corte ou ajuste de cada peça. Há quem os procure precisamente para saber qual a modelagem adequada, sem a necessidade de perder tempo nos provadores.
Segundo esta teoria, o triângulo indica um corte mais ajustado, conhecido por slim fit, que se adapta mais acentuadamente ao corpo. O círculo refere-se a roupas com um corte reto e regular, com um caimento mais tradicional, enquanto o quadrado está associado a um corte oversized, intencionalmente maior.
“Há muitas pessoas que entram nas lojas e nos questionam sobre o significado dos símbolos. Querem saber se realmente indicam que é um artigo mais largo ou mais justo”, começa por explicar uma funcionária da Zara.
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Contudo, como acontece com muitos mitos, esta informação não corresponde à verdade. “Costumamos explicar que não tem qualquer fundamento. Não existem segredos sobre o que significam; apenas dizemos que essa teoria está errada”, acrescenta.
Ainda que a Zara nunca tenha confirmado oficialmente estas informações, a presença das formas geométricas nas etiquetas tem uma razão. Estas simbolizam uma parte do sistema de produção ou logística interna do grupo Inditex, utilizado para categorizar as roupas de maneira mais eficiente.
“Referem-se às coleções da secção de senhora. Não existem nas secções masculina ou infantil”, salienta. “O triângulo corresponde à TRF (Trafaluc), que se destina à linha mais jovem, enquanto os outros dois representam coleções mais intemporais — o quadrado refere-se aos básicos e o círculo às propostas mais maduras”, esclarece a funcionária.
Na realidade, muitas vezes, esses desenhos estão presentes apenas nas etiquetas de papel, pois são, acima de tudo, instrumentos úteis para apoiar o trabalho de separação e organização realizado pelos funcionários das lojas da marca.
“São importantes para quem trabalha nos provadores, uma vez que facilitam a divisão das roupas. Torna-se mais simples identificar a que coleções pertencem e arrumá-las no local apropriado.”
Embora este conhecimento tenha se tornado corrente entre os funcionários, não se trata de informação transmitida durante as formações dos novos trabalhadores. “Quando começamos a trabalhar nas lojas, é algo que aprendemos com os colegas mais experientes”, salienta.
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