Um grupo de mulheres aproxima-se de dois seguranças que bloqueiam a entrada de uma loja iluminada, na esquina de um quarteirão em Paris. Quando chegam e reparam na fila enorme, imploram aos vigilantes para fazerem as compras por elas antes que o espaço feche, mostra um vídeo que já conta com quase 50 milhões de visualizações no TikTok.
O cenário é recorrente na loja da Polène, uma marca francesa de carteiras. À semelhança das propostas cobiçadas da Celine, Hermès ou Bottega Veneta, a etiqueta minimalista tornou-se uma espécie de artigo de culto: veem-se mulheres a carregar as propostas não só nas ruas europeias, mas também se tornou um fenómeno nas redes sociais.
Nos últimos meses, estes acessórios tomaram conta do FashionTok, o nicho do TikTok dedicado a moda e tendências. A hashtag da marca já conta com 18 milhões de pesquisas. Se acrescentarmos “bag”, no final, continuam a ser mais de 6 milhões. A maioria são mulheres a abrir as suas primeiras encomendas.
Tudo começou quando a fundadora, Antoine Mothay, visitou uma fábrica da Hermès em 2014. “Estive duas ou três horas à frente de um artesão a explicar todos os pormenores sobre o que é preciso para ter a carteira perfeita”, explicou, à revista “Fashionista”. Inspirada pelo que viu, começou a pesquisa de um ano e meio.
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A Polène foi criada em 2016. Na altura, a criativa sentia que as mulheres que procuravam um acessório para o dia a dia só podiam escolher entre dois extremos. “Havia grandes marcas de luxo com grande design e depois havia marcas mais acessíveis que eram… não quero dizer cópias, mas muito inspiradas pelas grandes marcas”, confessa a fundadora à “Harper’s Bazaar”.
Mothay juntou-se aos dois irmãos, Mathieu e Elsa, para criar um ADN que não se alterou. Tornaram-se conhecidos pelos acessórios em pele, a preços mais acessíveis — os preços variam entre os 300€ e os 400€ — e com formas divertidas. Sem nunca perder o lado prático e minimalista, que funciona independente da idade dos clientes.
Embora a sede seja em Paris, todos os modelos são feitos à mão em Ubrique, Espanha, com pele fornecida por fábricas espanholas e italianas. E cada estilo é numerado: o modelo mais vendido continua a ser o tamanho nano da Numéro Un, um modelo de mão com alça transversal, com uma forma distinta e curvas misturadas. Está à venda online por 370€.
O espírito empreendedor e o know-how foram herdados pelo bisavô dos Mothay, Léon Legallais. O homem por trás da marca Saint Jaimes criou a icónica camisa de riscas bretãs, segundo a “Forbes”. De Picasso a Coco Chanel, Audrey Hepburn e Kurt Cobain, deixou um legado que continua vivo nos dias de hoje.
Da mesma forma, também as criações da Polène começaram a chegar aos grandes nomes. As carteiras estiveram em destaque na segunda temporada de “Emily in Paris” e chegaram ao guarda-roupa de Kate Middleton, entre outras celebridades.
“Algo como a Kate Middleton a usar a nossa carteira ajuda muito a dar credibilidade à marca. A loja em Paris ajudou muito. Mas o sucesso não aconteceu num só passo”, acrescenta à “Harper’s Bazaar”.
O nome da marca tem origem na casa de campo da família na Normandia, em França, revelou Mathieu numa entrevista ao “The Wall Street Journal”. E a inspiração reflete-se no toque natural e nos tons terra de todos os produtos, marcados pelo design monocromático e suave.
A Polène já provou não parece precisar de grandes ornamentos ou de peles saturadas para dar origem a peregrinações até às suas lojas. Os novos lançamentos chegam e saem das prateleiras a um ritmo alucinante. “Todos os anos, duplicámos o volume das nossas vendas, mas todos os anos são os mesmos produtos”, acrescenta Antoine Mothay.
Apesar do sucesso, a marca ainda só tem três pontos de venda físicos. O primeiro abriu em Paris, em 2020, seguindo-se uma loja em Nova Iorque, em 2022. Mais recente, no final do ano passado, estrearam-se num centro comercial em Tóquio. É muito provável que não se fiquem por aqui, mas ainda não há informações sobre as próximas paragens destas it bags.
A Polène também já se começou a aventurar na joalharia, com peças inspiradas na natureza. A equipa aproveita os materiais não utilizados para criar amuletos, porta-chaves ou colares com retalhos de couro reciclado.
Quem acompanha a marca nas redes sociais, tem mais motivos para celebrar. A chegada dos primeiros sapatos da marca está para breve e promete criar filas igualmente quilométricas nos espaços físicos. No entanto, pelo que vemos nas redes sociais, pedir aos seguranças para comprar não é uma boa ideia — o melhor é chegar cedo.
Todas as carteiras da Polène estão disponíveis no site da marca. Carregue na galeria para conhecer alguns dos modelos mais vendidos.