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É no atelier em Cascais, que este casal transforma madeira recuperada em peças de decoração

Maria e João aproveitam troncos de árvores abatidas por incêndios. A So-So tem propostas para o lar e artigos para os miúdos.
Conheceram-se na faculdade.

Enquanto Maria Santos cresceu a desenhar tudo o que via, João Marques andava sempre a construir algo algo — ora uma pequena barragem, ora uma casa na árvore. Quando se conheceram, na faculdade, estudavam arquitetura e já imaginavam como podiam juntar forças para tornar reais os esboços que desenhavam no papel.

Após terminar o curso, o casal ainda trabalhou alguns anos na área. No entanto, rapidamente perceberam que preferiam trabalhar com objetos em pequena escala, que ficavam terminados em poucos meses. Inspirada no design nórdico, começaram por lançar a marca SO-SO, em 2017, focada em objetos infantis. O nome resulta de uma expressão inglesa, que se traduz para “assim-assim”, uma das expressões tão características das conversas entre portugueses.

No início, criavam peças inspiradas precisamente em provérbios e expressões portuguesas, tendo na madeira recuperada o material de eleição, para construir propostas divertidas e minimalistas. Começaram com a representação de uma ovelha negra e seguiram-se outros adágios que ganharam vida através do trabalho manual.

“Temos cada vez mais tecnologias, mas ainda há uma grande procura pelo trabalho manual”, explica Maria Santos. “Sempre procurámos ter objetos únicos onde exploramos a materialidade de cada matéria-prima. É algo que leva tempo para chegar ao resultado que queremos.”

Foi durante a pandemia, quando estavam fechados em casa, que começaram também a criar objetos para decorar o lar. Rapidamente perceberam que podia ser um novo segmento a explorar. E foi assim que catapultaram a popularidade da marca. Em abril, criaram uma divisão entre o segmento infantil (a So-So Kids) e a marca dedicada apenas aos artigos para o home design, que vão desde os candeeiros às arcas.

João, com “a mão na massa”.

O fascínio com a madeira continua a ser o motor do negócio. João e Maria têm um acordo com a Câmara Municipal de Cascais, concelho onde está situado o seu atelier, para fazer a recolha de árvores abatidas — por incêndios, por exemplo — para lhes darem uma nova vida. No entanto, a madeira tem de ficar a secar entre meio ano e dois anos. Só depois pode ser trabalhada na oficina, onde todos os detalhes são esculpidos, lixados e acabados à mão.

A aparência natural surge, em parte, por uma técnica japonesa chamada yakisugi, que consiste na proteção do material através da queima profunda de uma fase, tornando-se assim mais resistente ao fogo, insetos ou fungos. Um dos bestsellers da marca resultou deste processo. Falamos de um candeeiro em forma de cogumelo, que teve uma enorme aceitação no mercado norte-americano e foi um dos motivos para terem feito a transição para o segmento de decoração.

“Quando as peças são derretidas, há um desenho prévio e procuramos muita geometria e formas orgânicas”, acrescenta. Sentam-se a pensar na forma final de um objetivo e, antes do protótipo, já conseguem perceber se funciona ou não. No final, fazem-se os ajustes necessários.

A dupla tinha pensado numa avestruz de empurrar para os miúdos que, sendo um objeto alto, se revelou um problema. A questão da gravidade resolveu-se quando o trocaram por um caracol. “Achávamos que ninguém ia achar tanta graça, mas já não havia obstáculos e correu muito bem.”

Os artigos infantis são também o reflexo das preocupações ambientais da So-So. Têm, por exemplo, um jogo do “Quem é Quem?” com animais em vias de extinção, ou um jogo de pesca para tirar o lixo do mar, sensibilizando os mais novos para este problema.

Maria e João começaram também a participar em mercados de rua, em Lisboa, onde notaram o entusiasmo dos turistas. Através do comércio online, já chegam a clientes de países como o Reino Unido, Alemanha e França, mas os portugueses continuam a estar entre os principais consumidores.

Agora, a internacionalização é cada vez mais um objetivo. “Gostávamos de fazer parte de uma Maison&Objetou outras feiras de grande escala”, explicam. Outras das ambições passa pela aposta na revenda de objetos e no aumento do catálogo.

A So-So tem brinquedos a partir de 12€ e artigos de decoração desde 14,90€. Todas as peças estão à venda no site da marca.

Carregue na galeria para conhecer alguns dos bestsellers.

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