É carioca, natural do Rio de Janeiro, e sempre viveu junto ao mar. Não é, por isso, de estranhar que este seja uma das suas maiores inspirações e que, quando se mudou para Portugal, há sete anos, tenha escolhido um cantinho à beira-mar plantado. A designer de joias, Mônica Rosenzweig, 57 anos, vive e trabalha no Estoril, onde está situado o seu atelier.
Foi lá que a encontrámos, para conversar sobre o seu trabalho, as mais recentes coleções, saber onde vai buscar inspiração e que tipo de peças são mais vendidas na altura do Natal. Divide o espaço com o marido, Bóris Frante, “uma peça fundamental no negócio”, garante.
Na marca que leva o seu nome, encontra peças como anéis, brincos, colares e pulseiras, feitos com vários tipos de materiais e diferentes elementos ligados, por exemplo, à natureza, aos animais, passando pela religião, pelo amor e pelo fascínio que tem por amuletos e cristais. Além das peças da sua autoria, cria acessórios personalizados e dá uma nova vida a joias antigas que os clientes queiram transformar.
Para a designer, as joias com pedras preciosas são mais do que apenas acessórios. São uma forma de expressar a personalidade, os valores e os sentimentos de cada um. “A escolha das pedras preciosas e do design das joias pode destacar traços específicos da personalidade e contar uma história única sobre quem as usa”, refere.
Como começou o seu gosto pela área da joalharia?
É algo que vem do meu pai, que teve uma oficina de joias. Acabou depois por trabalhar noutras áreas, mas sempre cultivou nos filhos o gosto por estas peças. Frequentei a faculdade de Desenho Industrial e Comunicação Visual, depois fiz uma pós-graduação em Marketing, trabalhei nessa área, mas sempre gostei muito deste deste universo das joias. Até que, quando abri o meu escritório de programação visual, comecei a querer aprender mais e fiz um curso de desenho de joias. Depois, fiz uma formação de classificação de diamantes no GIA (Gemological Institute of America), em Nova Iorque. E comecei a virar-me mais para o lado do desenho de joias. Além disso, tenho uma paixão incrível por pedras, juntei as duas coisas e comecei a trabalhar nesta área, no Brasil.
Sente que o negócio mudou quando veio para Portugal?
Sem dúvida. No Brasil, eu desenhava, fazia todo o desenvolvimento, mas não tinha uma oficina como tenho aqui, que me permite fazer o que eu quiser, na velocidade que quiser. Faço também muitas joias sob medida. Por exemplo, se as pessoas têm uma pedra e uma peça em mente, fazemos o processo todo em conjunto para criar esse projeto. E ter este atelier é o que me permite fazer isso.
Faz joias por medida, também.
Faço joias para ocasiões especiais, para casamentos, para oferecer um presente especial. Há uma área muito importante com que trabalho, que está relacionada com o facto de as pessoas me pedirem para redesenhar joias antigas, dar-lhes uma roupagem nova, ressignificá-las. Há pessoas que guardam, por exemplo, uma gema que compraram ou ganharam e procuram transformá-la numa peça diferente. Sou uma interlocutora dos sonhos dos clientes.
Há algum pedido particular que a tenha marcado?
Tive um cliente que me procurou, porque tinha uma pedra que era um quartzo fumê absolutamente enorme, era muito grande mesmo. E ele queria fazer um pendente. Pensámos muito sobre como faríamos, porque eu teria de fazer uma engenharia para acomodar aquela pedra e ela tornar-se ergonomicamente viável, para não incomodar quem fosse usar. Isso foi um grande desafio, porque a pedra era fora do normal, tudo nela ela fora de proporção. Quando a peça ficou pronta, ficou maravilhosa, foi um orgulho.
O seu marido tem um papel muito importante no trabalho da marca.
No Brasil, o Boris sempre esteve ligado à moda, tem uma estamparia no Rio de Janeiro há muitos anos. Quando viemos para Portugal, percebemos que tinha sentido usar o know how que ele tem de computação para ajudar a marca. Ele ficou responsável pela área do 3D. Temos a impressora 3D para testar as peças antes de ficarem prontas no metal. Fazemos primeiro uma prova numa peça de resina para ter a certeza do tamanho da pedra, etc. E é o Boris que me permite fazer isso, é ele que tem a expertise.
Uma das suas coleções mais recentes, “VersaChic”, lançada no verão, é inspirada na praia. Quais são as maiores inspirações no seu trabalho?
O mar sempre, até porque sou carioca, fazia surf, corria na praia, a minha vida sempre foi muito praiana. Daí a minha primeira inspiração serem as cores azul, verde, as figuras marinhas. Mas também me inspiro muito nas minhas viagens e eu viajo bastante. Por exemplo, fiz uma viagem para o Egipto que me deixou encantada e cheia de ideias novas. Porque eu sempre gostei de amuletos, sempre foram uma inspiração, este tipo de objetos que as pessoas acreditam trazer sorte. Isso acompanha o ser humano desde os primórdios da Humanidade. Acho-os muito interessantes e trago-os para o meu trabalho. Fiz um curso de Arqueologia na Universidade de Jerusalém, que era “Seguindo os passos de Cristo”. Além do que fui aprendendo, procurava ver as joias, os adornos, estou sempre a estudar. Já fiz cursos sobre amuletos, é uma fonte de inspiração inesgotável. Vou muito a museus e fico a observar. Cada cultura tem os seus amuletos, desde o universo egípcio aos maias, são muito ricas e é um tema que adoro.
Que tipo de materiais mais usa nas suas peças?
Uso muito prata e ouro. Mas durante o meu processo criativo, na verdade, posso usar qualquer coisa, desde missangas, a contas de madeira, estou sempre em contacto com diversos tipos de materiais. Uso também pedras naturais, brilhantes, etc.
Se pudesse destacar alguma das suas peças como favorita, qual seria?
Destaco os anéis com animais, porque são muito a minha cara, uso muito. Têm muito a ver comigo, com as minhas inspirações. Além disso, os amuletos, claro. Uso muito também cristais, que têm a questão das energias associadas a cada um. Adoro e os clientes também gostam, querem saber qual se adequa melhor à sua personalidade. Todas as minhas peças são super exclusivas, faço um ou dois modelos de cada e, mesmo esses dois, vão ser diferentes entre si.
Nesta época natalícia, quais são as peças mais vendidas?
No Natal vendo muito peças com um coração, é impressionante. Todas as peças que têm o elemento do coração são um sucesso nesta altura. As pessoas ficam mais amorosas. Também se vendem muito os crucifixos, tenho feito uns muito originais, com pedras, super exclusivos e lindíssimos. Nesta época, o que vendo mais são mesmo peças relacionadas com o tema da religião ou com corações.
Se ficou curioso para conhecer o trabalho de Mônica Rosenzweig, pode visitar o site, onde encontra peças de diferentes coleções, e até para homem. Também pode seguir a marca no Instagram. Aproveite e carregue na galeria para conhecer algumas das peças da autoria da designer de joias.