José Carmelino sempre teve um fascínio pelas narrativas que o seu pai lhe contava sobre Angola, o país onde nasceu. Desde o espírito vibrante do povo até às vestimentas tradicionais, sem esquecer a música, a gastronomia e os aromas, esses momentos de partilha serviam como uma espécie de viagem para o empresário de 31 anos.
Quando conheceu a namorada, Renata, ela começou a criar desenhos inspirados nesses elementos tradicionais africanos. Pouco depois, surgiu a ideia de transformar as ilustrações em peças de roupa que possibilitassem às pessoas integrar essas referências para o seu quotidiano.
Juntos, fundaram a Uwalo, uma marca de vestuário que combina a cultura portuguesa com a africana. Lançada a 4 de outubro, trata-se de uma etiqueta unissexo caracterizada pelas coloridas e limitadas ilustrações gráficas que a artista de 32 anos concebeu.
“Quando colaboro com outras marcas ou agências, sinto que não consigo explorar o meu lado criativo de maneira tão livre, já que estou limitada às diretrizes de cada projeto. Normalmente, faço as minhas ilustrações a título pessoal e guardo-as. Decidimos, então, utilizá-las para criar este conceito.”
O ponto de partida foi encontrar um elemento que remetesse ao continente africano, e rapidamente pensaram nos primatas que estamparam nas suas peças da primeira coleção, intitulada “No Monkeys in the Wild”, que inclui T-shirts, hoodies e acessórios de várias cores.
O nome da marca, que se pronuncia “uvalo”, também faz referência a África. Esta designação provém do dialeto angolano Umbundu, falado na terra natal do pai de José, e traduz-se como “vestuário”. Para misturar a identidade portuguesa à sua proposta, o casal decidiu pegar em expressões comuns em Portugal e traduzi-los, de forma literal, para inglês. O desafio seguinte foi criar ilustrações que representassem estes ditados populares.
O modelo que mais sucesso tem feito é o “who sings, his evils scatters” (traduzido como “quem canta, os seus males espanta”), que apresenta a figura de uma mulher desenhada com o estilo gráfico e vibrante característico das obras de Renata. “Queríamos unir essas culturas ao streetwear, criando roupas que trouxessem um ar contemporâneo ao catálogo”, acrescenta.
A missão da Uwalo é evidente nas silhuetas oversized, nas cores sólidas e nos cortes relaxados. O foco recai sobre as ilustrações originais, que estão em destaque no centro de cada peça. “Hoje em dia, observo que a minha geração está a adotar peças mais baggy e muitas lojas estão a oferecer opções unissexo. Os géneros fundem-se, há uma grande variedade e queremos ser inclusivos para qualquer pessoa.”
As coleções são desenvolvidas com o auxílio de uma incubadora internacional, que colabora com empresas em Portugal para criar os produtos. “Esse foi o modelo que funcionou nesta fase inicial”, explica José, embora um dos próximos objetivos seja concentrar toda a produção num atelier próprio.
Entretanto, a notoriedade da insígnia continua a crescer. Renata partilha: “Nunca me identifiquei com uma empresa antes. Como sempre procurei algo que fosse realmente meu, esta marca está a proporcionar-me imenso prazer. Tenho muitas ideias.”
Todas as peças estão disponíveis no site da Uwalo. Os preços variam entre os 25€ e os 60€.
Carregue na galeria para descobrir alguns dos modelos.
