O Centro Cultural de Cascais é, atualmente, um paraíso para os fãs de fotografia. Depois da inauguração, no passado sábado, 27 de abril, da exposição “Ruth Orkin: A Ilusão do Tempo”, o espaço recebe, paralelamente, a mostra “Lucien Hervé: Flashes do homem na cidade moderna”. Aberto ao público desde este sábado, 4 de maio, o certame apresenta a obra daquele que é considerado um dos mais importantes fotógrafos de arquitetura do século XX.
A Lucien Hervé (1910-2007) é atribuído um talento único de olhar e captar a essência de diferentes projetos arquitetónicos, muitos deles assinados por modernistas como Le Corbusier e Oscar Niemeyer. “Não seria exagero afirmar que as suas fotografias foram importantes para que os projetos desses arquitetos, Le Corbusier especialmente, se tornassem conhecidos e admirados em todo o mundo”, refere a nota de curadoria, a cargo dos arquitetos portugueses Isabel Alvarenga e Victor Neves.
Os elogios ao trabalho do artista da imagem franco-húngaro continuam, apontando a sua obra fotográfica não apenas como uma completa reportagem sobre edifícios icónicos, mas também pela relevância com que observou os seus aspetos estéticos, artísticos e sociológicos. “Lucien Hervé é um dos raros fotógrafos que combinava uma visão artística, e até filosófica da fotografia, com a arquitetura e com a cidade do século XX. Le Corbusier dizia que Hervé sabia verdadeiramente olhar para a arquitetura”, sublinham os curadores.
A exposição “Lucien Hervé: Flashes do Homem na Cidade Moderna” foi especialmente concebida para o espaço do Centro Cultural de Cascais, partindo de uma perspetiva que olha para a representação da figura humana e das metrópoles nas fotografias, como um cruzamento de diferentes áreas: fotografia, arquitetura e sociologia. “Lucien Hervé, atento observador do concreto, também procurava, em todos os lugares que fotografava, a presença dos vivos”, lemos na apresentação da mostra.
Hervé registou as novidades das cidades modernistas, em diferentes países. Ao mesmo tempo, também apontava a lente para as cidades antigas, as ruas estreitas e todos os elementos que contrastavam com a riqueza dos novos edifícios. Os curadores observam que, nas suas imagens, Hervé “obtinha uma perfeita harmonia entre a sua visão humanista, conjugada com a visão analítica do arquiteto, sublinhando com o uso da luz, as formas geométricas e as texturas dos materiais”.
No fundo, pode resumir-se como “É a cidade vista como obra de arte e o homem moderno como o seu centro e protagonista”. Tudo isto, a preto e branco. A mostra é iniciativa da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus. Pode visitá-la até 30 de junho, de terça a domingo, das 10 às 18 horas. O bilhete tem o valor de 5€, com desconto de 50 por cento para munícipes, estudantes e séniores a partir dos 65 anos.