“A última prisão” é o título da mais recente peça do Teatro Experimental de Cascais (TEC). A estreia aconteceu nesta sexta-feira, 10 de maio, com casa cheia. O espetáculo tem por base uma reflexão sobre os eventos tumultuosos que precederam à Revolução de 25 de abril de 1974 em Portugal, tema que tem inspirado diversas obras a nível cultural e artístico pela celebração do cinquentenário, este ano.
Através dos olhos de um antigo preso político, o público “é transportado para os corredores sombrios da censura e da opressão política”, refere a sinopse. “A peça ilumina os meandros da manipulação do regime, as injustiças das prisões políticas e a crueldade da tortura, deixando espaço para uma profunda reflexão sobre os valores da liberdade e da justiça”, pode ler-se na apresentação.
Esta peça é também especial por ser o resultado do Concurso Jovens Autores de Textos para Teatro, lançado pelo Teatro Experimental de Cascais, à semelhança do que já tinha feito em 2018, no âmbito da programação de Cascais Capital Europeia da Juventude. O objetivo é encontrar e dar oportunidade a novos talentos, novos autores nacionais, apoiando uma nova era na dramaturgia portuguesa.
O tema proposto para esta segunda edição da iniciativa era a Liberdade, como forma de contribuir para as comemorações dos 50 anos do 25 de abril. O vencedor foi Francisco Quintas, com uma obra que conquistou o júri por unanimidade, “evidenciando o seu domínio da forma dramática e da sua capacidade de provocar reflexões profundas sobre a história e a sociedade”, sublinha o TEC.
Com este texto, o autor quis regressar aos momentos anteriores à Revolução dos Cravos, mostrando o “modus operandi” da censura, a manipulação do regime vigente e o inferno das prisões políticas. Uma obra que resultou nesta nova produção de teatro, encenada por Rodrigo Aleixo que foi, nos últimos anos, um grande aprendiz de Carlos Avilez. É sob a sua direção que a forte narrativa pretende provocar e emocionar o público.
Do elenco fazem parte André Magalhães, Afonso Jerónimo, Baltasar Marçal, Joana Castro, João Craveiro, João Vicente, Luiz Rizo, Teresa Côrte-Real e Vasco Maranha. Os figurinos e a cenografia são da responsabilidade de Fernando Alvarez.

A peça estará em cena até dia 21 de maio, de terça a sábado às 21 horas e, aos domingos, às 16 horas, no Teatro Municipal Mirita Casimiro, situado na Av. Fausto de Figueiredo, no Estoril. No dia 18 maio será feita uma sessão com Língua Gestual Portuguesa e a 19 maio, após a peça, será aberta uma conversa com o público. Os bilhetes custam 15€ e pode comprá-los online (há desconto para estudantes de artes e séniores com mais de 65 anos).
Recordamos que, em novembro de 2023, o Teatro Experimental de Cascais, que completou 58 anos de existência nesse mesmo mês, perdeu o seu fundador e grande encenador Carlos Avilez, que faleceu aos 88 anos. O seu último trabalho como encenador foi na peça “Electra”, protagonizada por Bárbara Branco, que estreou a 18 de novembro no Auditório da Academia das Artes do Estoril.
A propósito do seu falecimento, o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais na época, Miguel Pinto Luz, referiu: “Perder Carlos Avilez é perder um pedaço da alma de Cascais e do teatro português. Um amigo querido, Avilez deixa um legado incomparável na arte da encenação e na formação de atores. Como fundador do Teatro Experimental de Cascais e da Escola Profissional de Teatro de Cascais, moldou muitas carreiras e tocou inúmeros corações com a sua paixão e dedicação ao teatro”.