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Após 30 anos no cinema, Natalie Portman está prestes a estrear-se no mundo das séries

A vencedora de um Óscar é a protagonista de "Lady In The Lake", que conta a história das pessoas judias e negras em Baltimore.

Em Hollywood, parar é morrer, e Natalie Portman sabe disso muito bem. A sua carreira começou aos 12 anos no filme “O Profissional”. Desde então, conquistou um Óscar como Melhor Atriz pelo seu papel em “Cisne Negro” e foi nomeada para mais duas estatuetas. Volvidos 31 anos, continua a renovar-se e a 17 de julho estreia na Apple TV+ a série “Lady In The Lake” onde tem o papel principal.

A série desenrola-se em Baltimore, no Dia de Ação de Graças de 1966, quando o desaparecimento de uma jovem abala a cidade. As vidas de duas mulheres, Maddie Schwartz (interpretada por Natalie Portman) e Cleo Sherwood (Moses Ingram), cruzam-se numa colisão fatal. Maddie é uma dona de casa judia que pretende esquecer o seu passado e ambiciona reinventar-se como jornalista de investigação. Enquanto isso, Cleo é uma mãe que lida com as questões políticas da comunidade negra de Baltimore e tenta sustentar a sua família.

Maddie e Cleo, têm vidas aparentemente distintas, que se entrelaçam com a morte misteriosa de Cleo. Quando Maddie se torna obcecada pela investigação do caso, percebe que está a colocar em perigo aqueles que a rodeiam. A história é baseada no livro homónimo de Laura Lippman, publicado em 2019, e inspirado em desaparecimentos que ocorreram em Baltimore nos anos 60.

Portman nunca havia participado numa série porque nunca tinha surgido um projeto que se adequasse ao seu interesse, explicou ao “The Guardian”. “Interpretar Maddie pareceu-me natural porque é o tipo de personagem que quero muito explorar neste formato. É ótimo ter sete horas para contar esta história.”

Os temas da série que mais a intrigaram foram a representação feminina numa indústria liderada por homens e a história da comunidade judia. Estes são aspetos muito pessoais para Portman, que também queria explorar a temática de opressão, colocando-se na pele tanto do oprimido como do opressor.

O ambiente da minissérie se ambientar em Baltimore, nos EUA, foi outro fator que atraiu Natalie para o projeto, uma vez que os seus avós viveram lá. A atriz de 43 anos, nascida em Israel, foi criada nos EUA, viajando por várias cidades até se estabelecer em Long Island e, atualmente, em Los Angeles.

Enquanto filmava “Lady In The Lake”, Portman estava envolveu-se num projeto pessoal no âmbito do 70.º aniversário para a mãe. Pesquisou a história da sua família, descobrindo a morada dos seus bisavós em Baltimore. A experiência tornou-se uma verdadeira exploração das suas raízes familiares, especialmente ligadas à comunidade judia.

“Comecei a encontrar inúmeros documentos, os censos dos anos 20 e até encontrei a morada dos meus bisavós em Baltimore. Andaram pelas ruas que estava a percorrer. Ali também existe uma loja judia há mais de 100 anos”, revela.

A obra realizada por Alma Har’el destaca-se pela representação da comunidade e da história das pessoas negras. A relação entre judeus e afroamericanos é explorada, incluindo a luta pelos direitos civis e a exclusão certas instituições. Portman considera fascinante “explorar esta colaboração e conflito”, porque ambas são comunidades que enfrentaram discriminação e que fizeram de tudo para encontrar o seu lugar na cidade. “Muitos judeus, contudo, tentaram deixar de lado as suas raízes para poderem ser aceites pelos brancos. Era um método de sobrevivência”, realça.

O seu avô, por exemplo, mudou o apelido de Edelstein para Stevens. “Ele fê-lo para não ser maltratado, mas acabou por perder a sua identidade.” O antissemitismo também é abordado na minissérie. Numa das cenas, um cemitério é profanado com suásticas.

Além de ser a protagonista da obra, Natalie é uma das produtoras através da MountainA, empresa que fundou em 2021 e que também foi responsável pela criação de “May December”, filme coprotagonizado por Portman e Julianne Moore, nomeado a um Óscar (Melhor Argumento Original) e que conta com uma avaliação de 91 por cento no agregador de críticas especializadas Rotten Tomatoes.

A protagonista de “Lady In The Lake”, descreve as gravações como “incríveis, mas também exaustivas”. Houve situações complicadas durante as filmagens, com a equipa a ser ameaçada por dois homens que exigiam dinheiro para continuarem a gravar naquela zona de Baltimore.

Além disso, um dos atores partiu a clavícula e vários membros, incluindo Natalie, contraíram Covid-19. Alma Har’el, a realizadora, foi uma fonte de motivação importante para todos os envolvidos no projeto, liderando com calma, paciência e otimismo.

Carregue na galeria e conheça algumas das séries e temporadas que estreiam nas plataformas de streaming e canais de televisão em julho.

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