No ano que marca os 40 anos da morte de Ary dos Santos (1937-1984), chega ao Auditório do Casino Estoril um espetáculo que acompanha a vida do poeta. A estreia de “Ary 40: O Sangue Das Palavras” está agendado para dia 8 de março, marcando o início de oito sessões.
O nome faz referência a um dos vários livros de poemas que publicou entre as décadas de 60 e 80. “O Sangue das Palavras” foi lançado em 1979. Ary destacou-se também na área da música, como autor de letras de inúmeras canções e fados, com grande popularidade, e com alguns discos lançados, numa voz inconfundível e vibrante que o tornou famoso também pela declamação de poesia.
Em 1969 concorre, sob pseudónimo, ao Festival da Canção, com o poema “Desfolhada”, com música de Nuno Nazareth Fernandes e interpretação de Simone de Oliveira. A canção alcançou o primeiro lugar, marcando o início de uma série de sucessos, com quatro canções escritas por si tornadas vencedores no festival.
“Recordamos e celebramos não o político, mas sim um dos maiores letristas que Portugal já teve, de uma forma nunca antes vista. Vamos imaginar que Ary dos Santos ainda hoje era vivo e com acesso às redes sociais. O resto, até podemos imaginar o que seria. Uma festa. É este Ary que nos interessa. A pessoa. O homem. Pois foi do homem que nasceu um dos melhores poetas contemporâneos de Portugal”, refere a sinopse.
Com direção musical de Nuno Feist, o espetáculo tem a autoria e encenação de Henrique Feist, também ele um dos protagonistas em palco, ao lado de Valter Mira e Flávio Gil. “Três homens. Três pontos de vista a fim de retratar um homem”, garante a produtora Artfeist.
Descrita como arrojada, a peça traz ao público as frustrações, inibições e paixões do poeta, desvendando factos pouco conhecidos sobre ele, mas que o moldaram com profundidade. “Está lá tudo nas suas letras. Nem o talento, nem o dom imenso, conseguiram preencher a tristeza e profunda solidão que nele habitavam. E foi essa solidão que pôs fim a esta alma inquieta”, aponta a sinopse.
“O Sangue das Palavras” representa o dom da palavra de Ary, “que põe o dedo na ferida, feito uma arma, mas onde também encontramos a nossa verdadeira alma. A nossa inquietude. Enquanto o ser humano for contra qualquer injustiça, haverá sempre um Ary. Um Ary que somos todos. E que, juntos, cantamos”, conclui.
O espetáculo estará em cena todas as sextas e sábados do mês de março, de 8 a 30, (à exceção da primeira semana). Os bilhetes já estão à venda. Custam 16€ e pode adquiri-los online. Para reservar o seu lugar, na data pretendida, envie email para reservas@nullartfeist.pt.