O legado artístico de Paula Rego dispensa apresentações. É, muitas vezes, caracterizada como a artista contemporânea portuguesa mais conhecida mundialmente e Cascais orgulha-se de ter um espaço que lhe é inteiramente dedicado. A Casa das Histórias Paula Rego é um importante espaço cultural, não só para o concelho, mas a nível nacional e está, agora, a celebrar o 15.º aniversário.
O museu monográfico foi criado em 2009 e, nessa mesma altura, começou a ser construída a Coleção da Casa das Histórias Paula Rego. É precisamente esse o foco da nova exposição do espaço, inaugurada no passado dia 31 de outubro. “A Coleção da CHPR em diálogo” é, assim, uma iniciativa da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais no âmbito das comemorações do aniversário do museu.
o edifício projetado pelo vencedor do Pritzker, o arquiteto Eduardo Souto de Moura, há 15 anos que a Casa das Histórias Paula Rego tem vindo a desenvolver uma vasta e cuidada programação expositiva em torno do universo temático, narrativo e disciplinar de Paula Rego, posicionando o museu não apenas como um local privilegiado para a fruição da obra de Paula Rego em Portugal, mas também como um centro de referência para projetos internacionais dedicados à artista.
O espaço, cujo edifício foi criado pelo arquiteto Eduardo Souto de Moura, vencedor do Pritzker, tem vindo a apresentar, ao longo dos anos, uma programação em torno do universo temático, narrativo e disciplinar de Paula Rego, como a exposição que foi inaugurada em abril deste ano, “Paula Rego: Manifesto”, para celebrar os 50 anos do 25 de Abril.
A nova mostra, “A Coleção da CHPR em diálogo”, é apontada como sendo a mais abrangente da coleção, alguma vez realizada. Está dividida em seis secções e explora diferentes aspetos da obra da artista.
A primeira secção, por exemplo, oferece uma visão panorâmica da evolução técnica e estilística de Paula Rego, através de obras produzidas entre 1954 e 1977. Outro dos espaços da mostra, destaca a única colaboração de Paula Rego com o teatro, expondo obras ligadas aos figurinos que desenhou para o bailado “Pra lá e pra cá” (1989-99), do já extinto Ballet Gulbenkian.
Pela primeira vez, terá também a oportunidade de ver duas ilustrações que a artista fez para o livro de contos de Eric Jourdan “Barbe Bleu, Croquemitaine et Compagnie” (“Barba Azul, Papão e Cia”), publicado pela editora francesa Éditions de la Différence em 1986.
Há, ainda, um núcleo de obras sobre a dimensão cénica que o seu trabalho adquire, a partir dos anos de 1990, quer através da sua metodologia de trabalho, quer no cruzamento com outras manifestações artísticas como o cinema, a ópera, o teatro e a literatura. Na parte final da exposição, a curadoria dispensa especial atenção à “construção das personagens femininas que se destacam na sua obra pela imponência física e expressividade emocional”.
A mostra conta também com uma obra de 1977, intitulada “Rei Canuto” e adquirida em 2023 pela Câmara Municipal de Cascais, que não desiste da missão de expandir a coleção da artista.
“A atual exposição assume a plena missão deste museu ao disponibilizar a sua coleção de forma mais estável, durante um ano, e estabelecendo uma nova e estimulante leitura, que não obedece necessariamente ao critério cronológico, antes organizando as obras num novo diálogo que valoriza as especificidades do trabalho artístico de Rego e os diferentes aspetos em que se foi centrando ao longo de seis décadas”, afirma Catarina Alfaro, curadora e coordenadora da programação e conservação da Casa das Histórias Paula Rego.
A mostra poderá ser visitada até 26 de outubro do próximo ano, de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas, sendo que a última entrada acontece às 17h40. Os bilhetes têm um custo de 5€.
A Coleção da Casa das Histórias Paula Rego
Iniciada pela doação da artista da totalidade da sua obra gravada e mais de duas centenas de desenhos, a coleção reflete o seu percurso artístico e criativo de cerca de cinco décadas de trabalho. A coleção integra ainda uma obra têxtil de grandes dimensões, parte do seu espólio documental e uma pintura dos anos de 1950, doada pela família de Paula Rego em 2023. Vinte e duas obras em depósito, entre as quais desenhos, pinturas, esculturas e obras têxteis, completam a configuração atual da coleção.
A celebração do aniversário do museu assinala, também, a renovação do compromisso com o pedido feito por Paula Rego, há 15 anos: “manter o museu vivo, despretensioso, e com a prática ativa do desenho a acontecer nas salas de exposição”. Nesse sentido, o museu está a promover, em simultâneo, a 4ª edição da “Oficina de Gravura”, com uma programação que inclui ateliers para todos, com cursos técnicos, workshops temáticos e dias de experimentação livre.
Carregue na galeria e descubra algumas das obras em exibição.
