Está prestes a ser inaugurada uma nova exposição num dos espaços mais emblemáticos de Cascais, a Casa das Histórias Paula Rego. Desta vez, a fundação acolhe “O inferno são os outros”, da artista portuguesa Ana Torrie. A mostra resulta de uma parceria com a Fundação D. Luís I, contando ainda com o apoio da Câmara Municipal de Cascais.
A iniciativa insere-se na programação do Bairro dos Museus e faz parte do ciclo de exposições temporárias na sala zero da Casa das Histórias Paula Rego. A inauguração da mostra está marcada para 16 de maio, e pode ser visitada até 26 de outubro. A curadoria é assinada por Catarina Alfaro e Ana Torrie.
Reconhecida por desafiar “as convenções tradicionais da gravura, com obras que ganham complexidade ao serem apresentadas de modos diversos em contextos distintos”, a artista apresenta nesta exposição peças centrais e esculturas gráficas. Estas obras constituem “um corpo vivo, que evidencia, nas suas texturas, o processo de gravação enquanto intervenção performativa capaz de transmitir marcas, histórias e emoções do ato criativo”. A exposição transforma o espaço num “parque de diversões, num labirinto de múltiplas escolhas, que incentiva o visitante a atravessar diversos portais”.
As obras representam temas como a luta pelo poder, a busca pela igualdade, a liberdade, o medo, o sofrimento, o declínio e a destruição do mundo. O título da mostra, “O inferno são os outros”, é uma frase célebre de Jean-Paul Sartre, que remete para os conflitos internos gerados pelo olhar e julgamento alheios, condicionando a liberdade individual.
A Coleção da Casa das Histórias Paula Rego
Iniciada pela doação da artista da totalidade da sua obra gravada e mais de duas centenas de desenhos, a coleção reflete o percurso artístico e criativo de Paula Rego, ao longo de cinco décadas de trabalho. O acervo inclui ainda uma peça têxtil de grandes dimensões, parte do espólio documental, e uma pintura dos anos 1950, doada pela família da artista, em 2023. Atualmente, a coleção conta com vinte e duas obras em depósito, entre desenhos, pinturas, esculturas e obras têxteis.
A celebração de cada aniversário do museu também simboliza a renovação do compromisso com o pedido feito por Paula Rego, há 15 anos: “manter o museu vivo, despretensioso e com uma prática ativa de desenho a ocorrer nas salas de exposição”.