A evolução da tecnologia trouxe uma nova realidade a todas as áreas e a fotografia não foi exceção. Nos dias que correm, há até quem nunca tenha visto um rolo de uma máquina fotográfica ou não conheça o trabalho de Nicholas Nixon, que começou a carreira ainda com fotografias analógicas. Conhecido pelos retratos a preto e branco, é considerado uns dos mais importantes fotógrafos contemporâneos. Este mês, chega a Cascais a sua primeira exposição em Portugal.
Será o Centro Cultural de Cascais a acolher a mostra, que consiste na primeira grande retrospectiva da obra de Nicholas Nixon por cá e a maior alguma vez realizada mundialmente. Uma das grandes novidades é que, pela primeira vez, a famosa série fotográfica “As Irmãs Brown”, será exposta na íntegra. Entre 1975 e 2022, Nixon fotografou as irmãs Heather, Mimi, Bebe e Laurie, registando as mudanças das quatro ao longo do tempo.
Este trabalho leva o público a refletir sobre a passagem do tempo, vendo o passar dos anos nos rostos das irmãs e as suas mudanças físicas. Na mostra, poderá ver os 48 retratos que compõem a série, como um álbum de família (Nixon e Bebe casaram-se em 1971). “O que confunde e fascina nesta série, a meio caminho entre a objetividade documental e a intimidade emocional, é a mudança, o ritmo dentro da repetição. Cada fotografia ganha corpo e significado à medida que se junta às outras, e é na série que adquire toda a sua força”, refere o curador Carlos Gollonet.
Ao todo, a exposição conta com mais de 200 fotografias tiradas entre 1974 e 2022. “Nicholas Nixon – Coleções Fundación MAPFRE” apresenta imagens, agrupadas cronologicamente, em núcleos temáticos — desde as fotografias urbanas do início da carreira aos retratos tirados nos últimos anos.
A exposição começa com imagens que Nixon tirou nos arredores da cidade de Albuquerque, no Novo México (EUA), na fronteira entre a cidade e o deserto. Avança depois para a sua primeira série importante, “Vistas de Boston e Nova Iorque”, fotografada entre 1974 e 1975, que o projetou no mundo da fotografia.
A partir de 1977, Nixon concentra-se, principalmente, no retrato. As pessoas passam a ser o tema central da sua obra, captando imagens que falam da vida a partir de uma abordagem íntima e da sua própria experiência. São disso exemplo as séries “Alpendres”, “Idosos” e “Pessoas com SIDA”.
A exposição apresenta também fotografias que Nixon tirou da própria família, a mulher Bebe, que começou a fotografar logo que se conheceram na década de 70, e os filhos do casal, Sam e Clementine. Foi essa a sua inspiração para a “Casais” (2000), onde paixão e intimidade são representadas em retratos de troncos, braços, bocas, formas quase abstratas que falam da intensidade física e emocional que existe numa relação.
Ao longo dos anos, Nixon foi aperfeiçoando a sua técnica. Hoje considerado um “mestre” na arte de fotografar, usa câmaras de grande formato, “que impõem a proximidade e a cooperação dos retratados”, revela a apresentação da mostra.
A inauguração está marcada para este sábado, 16 de novembro, às 18 horas, e contará com a presença do próprio Nicholas Nixon e da sua mulher, Beverly (Bebe) Brown.Pode visitá-la até dia 16 de fevereiro de 2025, de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas, sendo que a última entrada é às 17h40. Os bilhetes devem ser comprados online e custam 5€.
Nicholas Nixon nasceu em 1947, em Detroit, nos Estados Unidos da América. Com formação em Literatura Americana e em Fotografia, trabalha como fotógrafo independente desde a década de 70.
Foi também professor de fotografia no Massachusetts College of Art and Design. As suas obras foram exibidas em algumas das instituições mais importantes do mundo, como o Art Institute of Chicago, o MoMA de Nova Iorque, o Musée d’Art Moderne de Paris, o CO/Berlin, a Fondation A Stichting de Bruxelas e a sede da Fundación MAPFRE, em Madrid.
Carregue na galeria e descubra algumas das fotografias que poderá ver na exposição.