cultura

Duque Província: a jovem banda de Cascais que atuou na MEO Arena este ano

Com um álbum lançado, têm dado concertos pelo País. Em Cascais, já tocaram nas Festas do Mar e, em breve, pode vê-los no Beer Fest.
Os membros são quatro jovens cascalenses. Fotografia: Joanna Correia.

Muitos jovens crescem com o desejo de um dia se tornarem músicos e tocar numa banda. Dedicam horas a aprender um ou mais instrumentos, levam os pais à loucura e ouvem queixas dos vizinhos quando tocam em casa para praticar. O percurso não é fácil e, para muitos, o sonho fica pelo caminho. No entanto, há quatro jovens cascalenses que estão a conseguir realizar muitos dos objetivos na área que os apaixona. 

Os amigos juntaram-se e criaram a banda Duque Província. O grupo musical, nascido no concelho, já conta com um álbum, vários singles e concertos realizados em alguns dos maiores palcos não só locais como nacionais. É Henrique Gonçalves, vocalista e guitarrista da banda, com 24 anos, que nos conta a história e as conquistas da banda emergente, composta atualmente por mais três membros: António Horgan, de 25 anos, nas teclas; Philippe Keil, com 23 anos, no baixo; e Francisco Cunha, o baterista de 22 anos.

Henrique tinha 18 anos quando nasceu o projeto daquilo que seriam, mais tarde, os Duque. “A banda começou com um convite de um grande amigo meu, o Fred, que me disse: ‘Epá, Henrique, tu cantas, tocas e compões músicas. Porque é que não te juntas a um amigo meu que toca a bateria (Quim Alvim), e a um outro que também toca teclado (António Horgan)?’”. Também fazia parte do grupo um guitarrista, Diogo Moreira. Segundo o vocalista, nessa época ainda “não tocavam nada”, mas notaram que havia algo de diferente entre eles.

“Começámos muito rápido a tocar Beatles, músicas dos Pink Floyd, e tivemos uma química muito estranha, muito rápida, que me deu alguma motivação”. A banda acabou por sofrer algumas alterações ao longo do tempo: o teclista manteve-se, enquanto que e os primeiros guitarrista e baterista saíram. Mais tarde, entraram Phillipe e Francisco.

Cada membro tem o seu papel na criação musical e na gestão da banda. Henrique é o responsável pela escrita e composição de várias músicas e quem tem mais atenção a questões relacionadas com marketing e a projeção da banda. António, segundo o colega, “tem uma musicalidade e uma capacidade de criar harmonias muito interessantes, que se destaca do resto dos membros”.

Já Philippe é o responsável do grupo. “Acaba por ser, de certa forma, aquele que nos mete na linha”. Também se encarrega de grande parte das questões burocráticas da banda, juntamente com Henrique. O maior crítico da banda é o elemento mais novo. “O (Francisco) Cunha é, provavelmente, o membro mais exigente no processo criativo. Nós sabemos que, quando ele gosta de uma música, é porque o som deve ser bom. Se não gosta, não está para tretas, avisa logo”.

A partir da esquerda: Henrique Gonçalves, António Horgan (cima), Philippe Keil (baixo), Francisco Cunha.

O primeiro single do grupo, “Tempo sem ti”, foi lançado em 2019, ainda sem o baterista que conhecemos hoje. A canção tinha sido escrita pelo vocalista, um mês antes de ter recebido o convite para se juntar aos restantes músicos. “É uma música que me lembro de estar a escrever, sem saber que, tanto ela como os eventos que vieram depois, iam alterar muito o rumo dos meus cinco ou seis anos seguintes”.

O trabalho teve um feedback inesperado: entre partilhas de amigos e familiares, tornou-se quase um hino, em Cascais e Lisboa. Atualmente, ainda é a música dos Duque Província com mais streams no Spotify (soma mais de 145 mil).

Apesar das suas letras elaboradas e criativas, os jovens músicos não se consideram especialistas no que diz respeito a dar títulos aos trabalhos criados. Em tom de brincadeira, Henrique conta à NiC as origens dos nomes do grupo e do álbum de estreia. Estiveram vários meses em brainstorming para definir como se chamaria a banda. No entanto, foi numa viagem de carro, na época em que iam lançar a primeira canção, que a atriz que participava no videoclipe viu um veículo que tinha escrito “D. Ibéria”, e sugeriu Duque Ibéria.

O nome foi bem recebido, mas o baterista da altura lembrou que já existia uma banda chamada “Sangue Ibérico”, por isso, a ideia foi descartada. Porém, a solução não tardou a chegar. “Nesse dia, mais tarde, o Quim disse algo sem sentido e o (António) Horgan respondeu: ‘Oh Quim, tu és mesmo provinciano’. E eu lembrei-me de ‘Duque Província’. E não sei porquê, ficou imediatamente o nome, todos gostámos”.

Para o álbum, a inspiração surgiu numa chamada de vídeo. Na altura, tinham pensado em atribuir ao disco o nome de uma das músicas, “Entretive a Tua Insónia?”, mas não estava a funcionar. Acabaram por acertar que seria ”2032”, data que marca dez anos após o lançamento. “É uma coisa para a qual nós queremos que as pessoas olhem no futuro e pensem que é uma representação daquilo que foi, daquele presente. É algo que queremos estar orgulhosos quando lá chegarmos”.

A receção do disco de estreia foi positiva, mas ficou aquém das expectativas do grupo. “Nós esperávamos um bocadinho mais, não vou mentir. Mas a verdade é que ninguém compra discos hoje em dia. É uma coisa cultural”.

A atribuição de um estilo concreto das canções da banda não é fácil, até para quem as faz. “O primeiro disco tem músicas muito diferentes entre si. Por isso, é difícil definir, dizer que é um disco rock, que é um disco pop, que é um disco indie, porque tem muito de cada um.” Henrique enquadra as músicas “Vera Cruz”, “Cai-me a Ficha” e “Silhueta” no ramo de indie-rock, enquanto que insere “Tempo Sem Ti” e “Rosa” na onda pop.

Os Duque Província destacam uma personalidade que os ajudou a atingir o sucesso que têm hoje: o guitarrista dos Delfins e dos Resistência, Fernando Cunha. “Acaba por ser um pai da banda, porque ele viveu muito isto que nós estamos a viver agora na pele”, explica Henrique, que também o designou como “personal manager” da banda.

Ainda que dê conselhos aos membros do grupo, dá total liberdade criativa para que possam pensar e viver a experiência por eles próprios. Também não ficaram esquecidos os agradecimentos aos antigos integrantes, Quim Alvim e Diogo Moreira, e aos familiares e amigos.

Entre os vários concertos que os Duque Província já deram, Henrique destaca cinco. “O Centro de Congressos do Estoril foi o nosso primeiro grande concerto. De repente estavam duas ou três mil pessoas a cantar as músicas. Foi surreal”. Ainda em Cascais, menciona o das Festas do Mar de 2022, onde tiveram milhares de pessoas a assistir, e o do Hipódromo Manuel Possolo, em 2023, onde fizeram a primeira parte d’ Os Quatro e Meia. Também tocaram no festival Sol da Caparica, e, em abril deste ano, tiveram a oportunidade com que muitos sonham, ainda que apenas tenha durado meia hora: abriram o concerto dos Delfins num MEO Arena lotado.

Com o objetivo de continuar a crescer, este ano desafiaram-se a tocar fora de Cascais e Lisboa. A digressão nacional, já passou pelo Porto, Algarve, Montijo, Ericeira e Vila Real. “Jogar fora de casa e tocar para pessoas que temos de conquistar é muito mais duro, mas também está a ser muito gratificante”.

Apesar desta conquista, gostam sempre de voltar a tocar em casa. No dia 12 de setembro, quinta-feira, vão estar na inauguração da nova loja da Jovem Cascais, na Parede. No dia seguinte, 13 de setembro, sexta-feira, sobem ao palco do Beer Fest, no Mercado da Vila. Saiba tudo o que vai acontecer por lá neste artigo da NiC. 

Em 2024, ainda só lançaram uma adaptação da canção “Aquele Inverno”, mas já estão a preparar mais surpresas para os fãs. Henrique revelou à New in Cascais que o próximo single dos Duque Província, intitulado “LinkedIn”, deverá sair em outubro. Vai integrar o segundo álbum (em que já estão a trabalhar), juntamente com a mais recente música original do grupo, “Prata da Casa”.

“Vai ser um disco muito ‘relatable’ para os jovens. Fala sobre assuntos que se calhar não são muito óbvios para falar em canções, e acho que é um disco que toca mesmo naquilo que são as angústias e os pensamentos de um jovem de 20 anos até aos 25”. Com este projeto, os quatro membros pretendem ultrapassar o sucesso que tiveram com “2032”. “Nós achamos que conseguimos melhor e queremos fazer um disco mais interessante, mais artístico, mais profundo”, concluem.

MAIS HISTÓRIAS DE CASCAIS

AGENDA