O encenador Rogério de Carvalho morreu, aos 88 anos, na noite de sábado, 21 de setembro, no Hospital Garcia de Orta, em Almada. O artista angolano encontrava-se internado na unidade de saúde, na sequência de um acidente vascular cerebral.
Rogério de Carvalho dedicou grande parte da sua carreira de 60 anos no teatro a textos de dramaturgos como Jean Genet, Bernard-Marie Koltès, Rainer Werner Fassbinder, Howard Barker, Eugene O’Neill e Anton Tchekhov, sem esquecer clássicos como Molière e Gil Vicente, ou as origens do drama, de Platão a Eurípides.
A carreira do encenador começou quando ainda era aluno do Conservatório Nacional de Lisboa, atual Escola Superior de Teatro e Cinema. Breyten Breytenbach, Peter Handke, Arthur Schnitzler e Pierre de Marivaux foram alguns dos dramaturgos que o inspiraram e que Rogério de Carvalho quis trazer, mais tarde, para os palcos portugueses.
O encenador foi distinguido com o Prémio Almada 2001 e com o Grande Prémio da Crítica em 2012, por espetáculos que dirigiu para as companhias Ensemble, como “As Boas Raparigas Vão Para o Céu, as Más Para Todo o Lado”. Este último projeto foi criado no seio de uma nova geração de artistas do Porto, a cidade onde deu aulas de teatro aos universitários.
Rogério de Carvalho foi responsável pela formação de sucessivas gerações de elementos do teatro universitário: dirigiu espetáculos nos Teatros das universidades do Minho e do Porto e é uma referência da história recente do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), para o qual dirigiu “O Sonho”, de Strindberg, o “Auto da Índia”, de Gil Vicente, “Platonov”, de Tchekhov, “A Mulher Canhota”, de Peter Handke, ou “Oresteia”, de Ésquilo. Além disso, colaborou em várias produções d’A Escola da Noite.