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“Eva Perón”. Peça controversa chega ao Teatro Experimental de Cascais este mês

FF assume o papel principal. Pode ver o espetáculo entre 21 de fevereiro e 27 de março, no Teatro Municipal Mirita Casimiro.
O artista está irreconhecível.

O Teatro Experimental de Cascais (TEC) tem novidades a chegar: o espetáculo “Eva Perón” vai estar em cena no Teatro Municipal Mirita Casimiro, durante um mês. A peça retrata os momentos finais de Eva Perón, uma das figuras mais controversas da Argentina, refletindo “um momento histórico e artístico, não apenas pelas efemérides que celebra, mas também pelo desafio que propõe a criadores e intérpretes”, refere o espaço.

Com encenação de Rodrigo Aleixo e tradução e dramaturgia de Miguel Graça, a peça chega a Cascais a 21 de fevereiro e poderá vê-la até 27 de março. Parte de um texto polémico de Copi, dramaturgo argentino, que durante anos enfrentou censura e resistências. Esta montagem resgata não apenas um texto emblemático, mas também uma discussão fundamental sobre identidade, poder e a construção de mitos.

A promessa é de experiência teatral intensa e visualmente marcante. A encenação aposta no transformismo como elemento central da narrativa, explorando a teatralidade exacerbada e o grotesco para questionar o papel dos mitos na sociedade.

O elenco conta com nomes de peso do teatro português. FF assume o papel de Eva Perón, trazendo para o palco uma interpretação que desafia convenções e expectativas. João Lagarto, João Nunes Monteiro, Rodrigo Tomás, Sérgio Silva, Afonso Jerónimo e Tomás Garcez completam o elenco. A cenografia e os figurinos são assinados por Fernando Alvarez, enquanto a iluminação fica a cargo de Diana dos Santos.

A música original é composta por Paulo Furtado, conhecido como “The Legendary Tigerman”, adicionando uma dimensão sonora singular ao espetáculo.

 Enquanto luta contra a morte devido a um cancro, Eva é cercada por personagens que simbolizam diferentes aspetos de sua trajetória — a sua mãe, o presidente Perón, uma enfermeira e amigos. O texto de Copi desmonta a figura mítica, expondo uma mulher sufocada não apenas pela doença, mas pelo peso simbólico que carrega.

A dramaturgia desafia a imagem romantizada da ativista e questiona a forma como figuras históricas são moldadas e apropriadas pelo discurso político e midiático. Mais do que uma biografia dramatizada, a peça reflete sobre o culto à personalidade, a mecanização do poder e a busca pela imortalidade simbólica.

Este espetáculo torna-se ainda mais especial porque celebra quatro marcos importantes: os 60 anos do Teatro Experimental de Cascais, os 50 anos da censura de Eva Perón em Portugal, os 20 anos de carreira de FF e, também, os 10 anos de Rodrigo Aleixo e Rodrigo Tomás.

No dia 8 de março vai realizar-se uma sessão especial com Língua Gestual Portuguesa. A última sessão, no dia 27 de março, será dedicada a assinalar o Dia Mundial do Teatro, contando com um evento especial que incluirá a tradicional “Conversas com o Público”, incentivando um diálogo aberto entre elenco e espectadores. Desde sua fundação em 1964, por Carlos Avilez e João Vasco, o TEC tem sido um pilar da cena teatral portuguesa, investindo em produções inovadoras e na formação de novos talentos. 

As apresentações decorrem de quarta-feira a sábado, sempre às 21 horas. Aos domingos, o espetáculo acontece mais cedo, às 16 horas. Os bilhetes têm um valor de 15€ e estão à venda no site do teatro e na plataforma BOL (a primeira data já está esgotada). Esta encenação promete ser um marco no panorama teatral português, revisitando um texto provocador e proporcionando uma experiência que desafia expectativas e convida à reflexão sobre mito, poder e imortalidade.

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