Sabíamos, à partida, ao que íamos. Um espetáculo com homens musculados, pouca roupa e muitas danças sensuais. Ainda assim, não estávamos preparados para aquilo que aconteceu no Salão Preto e Prata do Casino Estoril — e que se vai repetir nos próximos dias. A apresentação prometia 90 minutos “escaldantes”, numa experiência que iria deixar “o público em chamas”. A explosão foi tal, que agora, largas horas depois, ainda não recuperámos. E há bons (e maus) motivos para isso.
Par quem não conhece o grupo australiano “Thunder From Down Under”, a comparação imediata faz-se com o filme “Magic Mike”. Um conjunto de homens a dançar, em cima do palco, em sucessivas performances, onde há espaço para vikings, cowboys, figuras militares, forças de intervenção e outras que preenchem o imaginário de quem assiste. São sete elementos masculinos, ao todo, que vão assumindo diferentes personagens com uma única missão: levar a plateia à loucura. E conseguiram.
Entre momentos de striptease com rasgar de roupa pra atirá-la ao público, há gritos, gargalhadas, muitas palmas e música alta. Como espetáculo imersivo que é, a interação com o público (maioritariamente feminino e de diferentes gerações) é constante, do início ao fim do show. Durante uma hora e meia, foram várias as vezes que os artistas desceram à plateia, para ter momentos com as fãs. E, sim, tudo o que os leitores possam imaginar que aconteceu: foi isso e muito e mais.
Seminus, os homens dançaram sensualmente entre as mulheres do público, abraçaram-nas, pegaram-nas ao colo, fizeram-nas passar as mãos pelos seus peitos (e pelos rabos também), deram-lhes tapinhas marotos e — uma imagem brilhante — um deles chegou a embaciar propositadamente os óculos de uma espectadora, para poder, imediatamente a seguir, limpá-los ao seu mini fio dental.
Sentaram-se ao colo de umas, beijaram pescoços de outras, subiram às mesas enquanto deitavam água por cima do corpo e sacudiam-na para cima de quem estivesse próximo. Tudo isto enquanto eram admirados pelas mais de 500 pessoas em êxtase com o contacto e a proximidade aos artistas. Chamamos artistas, porque dizer bailarinos seria enganar os leitores. Nos números coletivos de palco sobram músculos, mas falta coordenação na dança.
Uns mais soltos, outros mais travados, uns a liderar os passos, outros a perderem-se na coreografia, conquistaram suspiros na mesma. E, nos números a solo, protagonizados por alguns dos membros, o público ia à loucura. Uma coisa é certa: energia não faltou.
Durante 90 minutos, o jogo de sedução espalhou-se por toda a sala. Os elementos do grupo dividiam-se entre as mesas e as bancadas da plateia, para que a maioria dos espectadores no Salão Preto e Prata tivesse o seu momento de glória, e pudesse ver (e sentir) de perto estes “trovões” australianos. As cenas inusitadas junto do público foram repetidas diversas vezes e, para surpresa geral, algumas das mulheres foram mesmo levadas para o palco, tornando-se também protagonistas desta noite.
À frente de centenas de olhares, tiveram o seu momento “a sós” com um (ou mais) dos rapazes. Os movimentos sensuais deram lugar a danças eróticas e mais não podemos contar, porque entre jovens e avós, solteiras e noivas: o que se passa no espetáculo, fica no espetáculo. Não queremos estragar a surpresa a quem vai assistir ao show nos próximos dias (ou noutra oportunidade).
Podemos dizer, no entanto, que apesar de, em alguns momentos, sentirmos que determinadas ações são demasiado forçadas e pouco naturais, existem outros que foram realmente surpreendentes (alguns chocantes até) e que servem exatamente o propósito de quem compra bilhete, para assistir ao vivo e a cores, sem se arrepender.
Com uma residência fixa em Las Vegas, a produção está agora em tour pela Europa. Pela primeira vez em Portugal, o grupo esgotou seis espetáculos (quatro inicialmente, com duas sessões extra) meses antes. Nesta quarta-feira, 20 de março, aconteceu o primeiro. Até sábado, dia 23, vão passar pelo Casino Estoril mais de 3 mil pessoas, que tão cedo não vão esquecer esta experiência.
A New in Cascais falou com Ryan, um dos membros dos “Thunder From Down Under” na véspera da estreia em Portugal. “Sabemos que as mulheres portuguesas estão ansiosas. Vão ser espetáculos apimentados e apaixonados. Esperamos que gostem”, comenta.
O espetáculo surgiu nos anos 90. Começou com um grupo de rapazes que viajava numa pequena carrinha pela Austrália e hoje é reconhecido a nível mundial. Ryan faz parte do projeto há 18 anos e já viu de tudo. “No espetáculo temos um MC que, num determinado momento, chama uma senhora mais velha ao palco. Em Las Vegas aconteceu trazer uma senhora que tinha já 90 anos, e tinha ido ver o show com o marido, com quase 100. Quando ele voltou da casa de banho e viu a mulher em cima do palco, chateou-se com o MC e queria ir lá proteger a honra dela. Foi uma loucura”, conta.
Para Ryan, ser membro do Thunder não é um trabalho, mas sim um estilo de vida, já que exige uma grande disciplina de treinos e também de alimentação. “Não podemos desleixar a dieta e o ginásio, é algo que passa a fazer parte da nossa rotina. Temos que manter hábitos saudáveis. O trabalho mantém-nos em forma, jovens e apresentáveis. E, para estar aqui, temos que gostar também de viajar e lidar com o jetlag”, conta.
A parte mais difícil, refere, é passarem muitos meses longe da família. “Acabamos por escolher os mais jovens e solteiros para sair em digressão, enquanto que os casados ficam nos espetáculos fixos em Las Vegas. Vão trabalhar umas horas à noite e voltam para casa depois. Para quem está sempre a viajar, é mais difícil manter uma relação”, refere.
A recente tour, que começou em fevereiro, vai decorrer até dezembro. “Vamos passar pela Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Tailândia, Coreia do Sul, Macau, África do Sul, muitos países, em diferentes continentes. Só nos falta a Antártida”, brinca Ryan.
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