cultura

Nova série da RTP e Prime Video celebra “os heróis de Abril” menos conhecidos

"Sempre" foi realizada por Manuel Pureza e conta com Gabriela Barros no elenco. Estreia esta sexta-feira, 7 de junho.
É uma série que todos têm de ver.

A ideia de realizar uma série sobre o 25 de Abril estava a ser pensada por Manuel Pureza há muitos anos. “Sempre foi um objetivo pessoal devido à minha ligação umbilical com a data e tudo o que ela representa. Aprendi muito novo o seu significado”, conta o realizador.

O sonho finalmente tornou-se realidade. “Sempre” estreia esta sexta-feira, 7 de junho, na RTP. A série, composta por seis episódios, também será disponibilizada na íntegra, nesta data, na Prime Video, uma vez que se trata de uma colaboração entre ambas as empresas.

A produção da Coyote Vadio (também responsável, a par com Manuel Pureza, pelo sucesso Pôr do Sol”) irá contar uma história diferente em cada capítulo. Todas elas ocorrem entre a noite de 24 e a manhã de 26 de abril de 1974. “Os dilemas, sacrifícios e inspirações dos protagonistas são fortemente baseados em acontecimentos reais”, descreve a Prime Video.

“No dia 25 de Abril de 1974, meio século de ditadura chegou ao fim. Os protagonistas e desenvolvimento dos acontecimentos são retratados de forma detalhada. No entanto, centenas, talvez milhares de episódios de tensão e medo, coragem e adrenalina, dor e perda, fúria e sonho foram vividos por cidadãos anónimos durante aquelas horas intensas que mudaram o país e inspiraram o mundo”, acrescenta a plataforma.

Além deste centro temporal, as seis narrativas são ligadas por uma galeria de personagens que se cruzam ao longo dos capítulos, quer como protagonistas, quer como personagens secundárias ou apenas figurantes de um momento crucial. A série foi criada por David Neto, Luís Filipe Borges, Luís Lobão e Manuel Pureza, que também é o realizador.

“Isto nasceu de oito mãos. Queríamos criar uma série sobre outras pessoas que também são heróis de abril e cujas histórias merecem ser recordadas, contadas e recontadas”, afirma Manuel Pureza, de 40 anos.

O realizador reconhece a importância de Salgueiro Maia, mas sabe que o seu papel na revolução já foi abordado inúmeras vezes — “e com razão”. Na sua opinião, o que faltava era uma abordagem mais próxima das pessoas. Todos os episódios são baseados em narrativas fictícias que eles próprios imaginaram.

“E se um soldado da GNR estivesse dentro do quartel do Carmo quando foi cercado e tivesse vontade de sair? Partindo desta ideia começamos a pesquisar como foi o cerco e o segundo episódio é sobre isso: o cerco visto do interior.” Durante a pesquisa e, para criar um produto mais fiel à realidade, conversaram com várias pessoas que presenciaram os acontecimentos, e não só.

Este capítulo não é, contudo, o grande destaque da obra. Na verdade, Manuel não consegue distinguir apenas um, visto que são todos “completamente diferentes”. Afirma que os espectadores só ganham mesmo se virem a série toda. “Pelo tema que é e pela forma como a equipa se entregou, merece ser celebrada na totalidade”, assegura. 

Durante a conversa, deixa-nos algumas pistas sobre aquilo que pode esperar dos diferentes episódios: o primeiro é “muito vivo e à volta de um estagiário da rádio”. O segundo fala de racismo, o terceiro do governo, o quarto das mulheres, o quinto da música de intervenção e o último é sobre os estudantes. “Temos ingredientes de sobra para todas as gerações olharem umas para as outras e conseguirem falar. Nós queremos reunir as famílias à volta da televisão.”

O elenco de “Sempre” inclui nomes como Gabriela Barros, Cristóvão Campos, Sílvio Viera, Nuno Nolasco, António Durões, Joana Borja, Dinarte Branco, Rui Pedro Silva, Diogo Mesquita, João Vicente, Diogo Martins, Manuel Cavaco, Ana Lopes, entre outros.

Durante o processo de casting, o parâmetro de escolha era simples: apresentar caras novas ao público português e os grandes talentos nacionais que existem por aí. “Olhámos para as pessoas com as quais queríamos mesmo trabalhar, apesar de serem mais desconhecidas do público. Algumas são mais conhecidas pelo teatro ou pelo cinema independente. Sinto-me na obrigação de estar atento ao seu percurso e àquilo que fazem. Todas aquelas pessoas, bem como outras com que já tinha trabalho, são sempre bem-vindas a nossa casa”, brinca.

Quanto à estreia, confessa que está feliz por “Sempre” não ter saído mais perto do 25 de Abril, porque é uma data que “deve ser celebrada em qualquer altura”. Sem adiantar pormenores, também revela que se a série tivesse estreado nesse dia impediria que um dos episódios acontecesse.

“Esta data de estreia celebra o que foi conquistado com igual amor, se não mais. Espero que as pessoas percebam que estamos a contar estas histórias para celebrarmos a liberdade e a revolução pacífica. As novas gerações estão a adotar um discurso perigoso. Somos uma democracia jovem e é preciso celebrar sem hora marcada.”

Carregue na galeria e conheça outras séries e temporadas que estreiam em junho nas plataformas de streaming e canais de televisão.

MAIS HISTÓRIAS DE CASCAIS

AGENDA