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Quase ninguém consegue ver o novo filme da Netflix sem chorar

"Doce Pesar" aborda diferentes tópicos, como a infidelidade, o amor, a amizade e a família que criamos com quem nos rodeia.
Prepare os lenços.

“Às vezes, o riso é tudo o que temos na vida”. O mote de Levy foi revelado pelo próprio em entrevista ao “Irish Times”. O ator tornou-se conhecido graças ao excêntrico David que interpretou em “Schitt’s Creek”, uma série de comédia. Parece, contudo, que Dan Levy está preparado para mergulhar num novo género, tal como se comprova em “Doce Pesar”.

O canadiano de 40 anos resume o novo filme da Netflix, que estreou a 5 de janeiro, com uma simples frase: “É um drama com um pouco de comédia, e não uma comédia com um pouco de drama”. É o oposto do projeto que o popularizou, portanto.

Claro que conta com aqueles momentos típicos de uma comédia romântica, como encontros inesperados e desajeitados. Mas, acima de tudo, “tem uma seriedade bastante palpável”, conta à mesma publicação. “Esta é a minha oportunidade de contar uma história que realmente significa algo para mim.”

“Um artista de luto pela morte do marido, um autor célebre, viaja com os seus dois melhores amigos para Paris, onde têm de lidar com segredos complexos e verdades penosas”, lê-se na sinopse. Acompanhamos, então, um protagonista enlutado. Este processo de deixar o passado para trás e lamentar aquele que partiu torna-se mais difícil quando Marc (Dan), descobre que o homem que amava (Luke Evans) tinha uma relação extraconjugal.

“Doce Pesar” não é apenas um filme de romance. As ligações que desenvolvemos com aqueles que nos rodeiam também estão bastante presentes na narrativa. Abordar tal tema pareceu óbvio para o ator. Gay assumido, sublinha que “muitas membros da comunidade LGBTQIA+ têm de compor uma família com pessoas com as quais não cresceram”.

“Sou muito apaixonado pelos meus amigos. E, mesmo assim, sinto que à medida que envelhecemos nem nos apercebemos de certas atitudes. Desculpamos maus comportamentos e fingimos que não percebemos porque queremos evitar estas conversas difíceis. Afinal, são pessoas que amamos”, aponta.

Outra razão que o levou a falar deste tópico foi a pouca representação que encontra na televisão e no cinema. “Como um homem gay, a família que escolhi é uma grande parte da minha identidade”, começa por dizer.

“Estou bem ciente do peso que carrego agora para contar esta história de pessoas LGBTQIA+, porque sei que não são dadas oportunidades assim regularmente. Claro que já houve avanços, mas sei que isto é algo raro”, acrescenta.

O seu grande objetivo? Deixar de lado o sensacionalismo e mostrar que personagens queer podem ser vistas “com o mesmo nível de carinho” que sentimos pelas heterossexuais. Acima de tudo, não precisam de ser espalhafatosas para serem impactantes e memoráveis.

Esta já era o seu ponto de vista quando gravou “Schitt’s Creek” entre 2015 e 2020. Ali, interpretava David, um indivíduo de cabeça quente, que estava sempre preparado para uma boa dose de drama nas suas relações — muitas vezes era ele que o começava só para ter algo que com o qual se pudesse entreter.

Contudo, encarnar David trouxe-lhe algumas dificuldades quando teve de se preparar para esta nova produção. “Quando dás vida a alguém durante 80 episódios de um programa de televisão, é fácil ceder a instintos passados. Tive de esquecer completamente o David, fechar a porta e entrar na mente de alguém que é completamente diferente. Alguém mais calmo, menos reacionário e mais sensível”, diz.

As primeiras reações ao projeto da Netflix já foram divulgadas. No Rotten Tomatoes conta com uma avaliação de 73 por cento por parte dos críticos. “Levy [que é também o realizador e argumentista] conseguiu fazer um ótimo primeiro filme, que mistura drama, amor e luto, além de falar do poder terapêutico da amizade”, escreve o “The Hollywood Reporter”.

“Já sabíamos que o Dan podia dar vida a papéis de homens bitchy. Aqui, percebemos que também tem versatilidade para mostrar um lado mais vulnerável e, acima de tudo, sábio”, comenta, desta vez, a “Variety”.

Carregue na galeria e descubra as séries e temporadas que chegam em janeiro às plataformas de streaming e aos canais de televisão.

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