Já passou um ano desde que o responsável máximo da Igreja Católica visitou Portugal. Foi precisamente no dia 3 de agosto de 2023 que veio, pela primeira vez, a Cascais, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Para celebrar o momento, para além dos milhares de jovens peregrinos que se instalaram nesta zona, a visita Papa a Cascais ficou imortalizada de forma especial, pela comunidade cascalense, através de uma peça artística.
Com cerca de três quilómetros e meio, o mural colaborativo “Vida entre mundos” tinha como objetivo acolher da melhor maneira o Papa Francisco que acabou, ele próprio, por também participar na criação daquele que foi apontado como o maior mural do mundo. A construção do mural tinha o propósito de juntar pessoas de diferentes contextos sociais, religiões, escolas e percursos de vida. Conseguiu bater o recorde, com o pontífice a contribuir com as últimas pinceladas.
Agora, poderá conhecer ou recordar o trabalho por detrás desta “Capela Sistina da Juventude”, assim designada pelo Papa, num filme homónimo, produzido pelo Aldeas Scholas Films, com o apoio da Câmara Municipal de Cascais e do Turismo de Cascais. “Vida entre mundos” foi apresentado na passada quinta-feira, 1 de agosto, no Auditório Carlos Avillez, na Academia de Artes do Estoril, no Edifício Cruzeiro.
A longa-metragem foi escrita e realizada por Ezequiel Del Corral e Teresa Leveratto e está em língua portuguesa, com legendas em inglês. A obra, documenta a experiência da criação artística do mural, não só com a participação do Papa, como a de muitas outras pessoas, envolvidas no projeto.
“Através da sua narrativa emocionante e da participação especial do Papa Francisco, o filme destaca a importância da diversidade, da inclusão e da esperança na construção de um mundo mais justo e fraterno”, refere o município.
A obra foi criada com a participação de 100 organizações cascalenses e pintada por mais de duas mil pessoas. Este é composto por cerca de 300 murais, produzidos por grupos de cinco a dez elementos. Para o realizar, foram utilizados mais de 1500 litros de tinta e cerca de 12 mil pincéis, num processo que demorou mais de 500 horas a concretizar.
Entre as organizações que participaram, está a Scholas Occurrentes, um movimento que promove a educação e a inclusão social entre os jovens através do desporto, das artes e do pensamento contemplativo e principal dinamizadora do mural. Esta foi criada por Jorge Mario Bergoglio em 2001, na altura o nome do arcebispo de Buenos Aires que, 12 anos mais tarde, viria a ser conhecido como Papa Francisco. A organização está hoje distribuída em 190 países, sendo Portugal um deles. A sede portuguesa do Scholas está na antiga Escola Conde Ferreira, no centro histórico de Cascais, onde o pontífice foi recebido na sua visita à vila.
“Nunca se esqueçam disto: transformar o caos num cosmos. E esse é o caminho de cada um, não é? Uma vida que permanece caótica é uma vida falida, e uma vida que nunca sentiu o caos é uma vida destilada, onde tudo é perfeito. E as vidas destiladas não dão vida, morrem em si mesmas. Mas se uma vida pessoal e relacional, que experimentou a crise como caos e aos poucos dentro de si, e na comunidade, conseguiu transformar-se num cosmos… parabéns!”, disse o Papa no seu encontro com os jovens na sede do Scholas Occurrentes de Cascais.
Como homenagem à intervenção do Papa na pintura, foram inaugurados nove painéis nas paróquias cascalenses, onde está reproduzida a fase final do mural com a contribuição de Francisco.
Ainda no seguimento do aniversário da visita do Papa Francisco a Cascais, foi inaugurada no último sábado, 3 de agosto, a exposição dos paramentos usados pelo próprio durante a JMJ de 2023 no Museu da Vila, nos Paços do Concelho da Vila de Cascais. A mostra pode ser visitada todos os dias, entre as 10 e as 18 horas. A entrada é livre.