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10 coisas que aprendemos com o documentário “Os Segredos da Alimentação”

A produção, que estreou em abril, na Netflix, revela os segredos dos intestinos. Tornou-se um sucesso imediato.
Está disponível na Netflix.

“Os Segredos da Alimentação”. É este o nome de uma das mais recentes apostas de sucesso da Netflix. A produção, de 90 minutos, estreou a 26 de abril na plataforma de streaming e rapidamente alcançou o pódio dos conteúdos mais populares.

O ponto de partida do documentário é só um: mostrar como a saúde intestinal é fundamental para o bem-estar do corpo. Para isso, a equipa explora, de forma divertida e educativa, as profundezas do sistema digestivo, para incentivar os espetadores a assumirem hábitos alimentares mais saudáveis.

A produção norte-americana tem Giulia Enders como protagonista, uma gastroenterologista que, em 2012, se tornou um sucesso no YouTube, graças a um vídeo de apresentação no Science Slam. Depois disso, já escreveu vários livros, todos focados no tema do estômago e na sua saúde. Ao longo da narrativa, surgem ainda vários especialistas das áreas da saúde e nutrição, como Michael Ruscio, Shawn Baker, Mary Newport e Lauren Sambataro.

O documentário realizado por Anjali Naya recorre a quatro estudos de casos reais, para exemplificar as problemáticas e desmistificar alguns processos científicos complexos. Ao explicar esta relação entre a microbiota intestinal e a saúde no geral, acaba por fazer uma ponte com a rotina de cada um, motivando, inclusive, os espetadores a tomarem medidas que vão ajudá-los a seguir uma direção mais saudável. 

Assistimos ao documentário “Os Segredos da Alimentação” e aprendemos dez lições de vida fundamentais.

1. Sentimos vergonha do nosso intestino, mas ele influencia todo o nosso corpo

A verdade é que pensamos no intestino apenas como o local de onde vêm as fezes, mas ele é o centro de uma revolução biomédica. Este é o órgão que nos mantém vivos, uma vez que também é capaz de afetar certas condições do cérebro. De uma perspectiva evolutiva, o cérebro nunca funcionou sem sinais do intestino, por isso temos de pensar neles como se fossem melhores amigos. Quando um não está bem, o outro acaba por ficar afetado.  

2. O intestino pode ser responsável por vários tipos de doenças e distúrbios

Ansiedade, depressão, anorexia, cancro, autismo e Parkinson. Todas estas patologias podem ser resultado do mau funcionamento dos intestinos.

3. O intestino é flexível e capaz de mudar

A própria Giulia Enders tinha vários problemas intestinais, mas quando começou a interessar-se e a aprender mais sobre o assunto tudo mudou. De qualquer forma, as mudanças feitas na dieta não podem ser demasiado drásticas, para que os micróbios intestinais se consigam adaptar. Ao mesmo tempo, as dietas não devem ser restritivas, porque quanto mais diversidades tiver a nossa alimentação, mais rico será o microbioma (toda a vida de microrganismos, desde micróbios a bactérias e vírus, que habitam no nosso corpo) e mais espécies de bactérias estarão presentes.

4. 99 por cento das bactérias que estão no nosso corpo não nos fazem mal

São benéficas no processo de digestão, a acalmar inflamações e também tornam o sistema imunitário menos propenso a causar doenças autoimunes, uma vez que o treinam para combater os organismos que prejudicam a nossa saúde.

5. A posição do estômago pode ser a responsável pela sensação de querer arrotar

A dica dada pelos especialistas é que quando tiver vontade de libertar o ar do estômago, deve virar-se e inclinar-se para o lado esquerdo. Isso vai ajudar a bolha de ar acumulada a libertar-se.

6. O microbioma é a chave para a nossa saúde

Todo este processo torna-se interessante, porque os genes ninguém os consegue mudar, mas é possível fazer isso com os micróbios. Podemos fazê-lo através de mudanças simples no estilo de vida e na dieta, que é um dos fatores principais que determinam a saúde da comunidade microbiana. Mesmo aquelas que são consideradas as mais saudáveis, como a mediterrânica, têm algumas deficiências, uma vez que os produtos de hoje em dia estão cada vez mais industrializados e com menos ingredientes naturais.

7. Nascemos praticamente sem micróbios

Por exemplo, se nascermos por via de um parto vaginal, estamos em contacto com as bactérias presentes na vagina da mãe. No fundo, tudo na nossa vida influencia os micróbios que temos no nosso corpo, desde as pessoas que beijamos, aonde vamos, o que comemos ou até o simples facto de termos animais.

8. A fibra é um dos nutrientes essenciais do sistema digestivo

Deviam ser consumidas cerca de 50 gramas de fibra diariamente, mas, por exemplo, nos EUA só são consumidos 18 gramas. Uma das maiores fontes a que podemos ir buscar este nutriente são os vegetais. Este processo de digestão é mais calmo e estável do que o processo dos alimentos processados: “É uma longa caminhada, em vez de uma corrida”.

Se não comermos fibra suficiente para alimentar os microbiomas, são eles que nos vão comer a nós. Caso isto aconteça, vão existir bactérias que vão passar em partes do corpo que não deviam. Nesse cenário, o sistema imunitário vai entrar em defesa e alterar a composição mocribiana do intestino, o que pode levar à causa de mais doenças.

9. As pessoas têm reações diferentes ao mesmo alimento

Apesar de dois jovens comerem uma maçã, cada um deles vai processá-la de forma diferente, extrair nutrientes diferentes e outros tipos de energia diferentes, portanto em vez de estudarmos o alimento, temos sempre de estudar quem o está a comer. Não é porque uma dieta resultou com uma pessoa e a fez perder peso que o mesmo vai acontecer com a sua amiga.

10. Já existem tratamentos para ter um microbioma mais saudável

É o caso do Microbiota Fetal ou TMF. Basicamente, o processo (que pode ser feito através da toma de comprimidos, de colonoscopia ou de um clister) tem uma taxa de cura de 90 por cento e coloca fezes de outras pessoas saudáveis no corpo de uma pessoa doente, de modo a repovoar as bactérias intestinais que faltam lá dentro. Esta é a primeira terapia microbiana reconhecida e aprovada pela FDA, a Food and Drug Administration, uma agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos e já está disponível nesse país. Só pode ser utilizada para um tipo específico de doença, a colite peeudomembranosa, que acontece quando a bactéria inflama o cólon e causa diarreia extrema.

Ainda assim, pode ter alguns riscos, como o facto de além de recebermos as bactérias boas, podermos receber as más. O caso da rapariga que é retratado, demonstra que o seu dador inicialmente era o irmão, que desde sempre teve problemas com a acne. Então, ela própria, passado pouco tempo de estar a tomar os comprimidos, começou a ficar cheia de borbulhas, levando-a a utilizar as fezes do namorado, que tinha problemas de saúde mental. Passado algumas semanas, afirmou que sentia que a sua depressão nunca fora tão profunda.

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