Nos últimos anos, muitas influencers têm aparecido nos seus feeds a exibir bebidas verdes, que rapidamente ganharam popularidade. Apesar da sua recente visibilidade nas redes sociais, esta bebida, denominada matcha, possui uma história milenar, remontando às tradicionais cerimónias de chá chinesas e japonesas.
Produzido a partir das folhas mais jovens da Camellia sinensis, a diferença entre o matcha e o chá-verde reside no seu método de cultivo. O matcha é cultivado à sombra, aumentando a produção de clorofila, responsável pela sua cor verde intensa.
Este método de cultivo, aliado à ingestão de toda a folha, moída em pó (ao contrário do chá-verde, onde apenas se usa a infusão), torna-o mais poderoso nutricionalmente, devido à maior presença de catequinas (um tipo de polifenol rico em antioxidantes e anti-inflamatório).
O custo do matcha pode variar entre os 15,50€ por 25 gramas (no caso de uma moagem normal) ou 25€ pela mesma quantidade (se escolher um produto premium, em que o processo de moagem das folhas é mais longo, resultando num pó mais fino).
As criadoras de conteúdo digital têm sido as principais promotoras do seu consumo, e é comum surgirem a bebê-la num pré ou pós-treino. Mas, será que o matcha é mesmo benéfico para o desempenho desportivo de quem frequenta o ginásio ou pratica outras modalidades? A NiC foi à procura da resposta.
Segundo Gonçalo Botelho, especialista em medicina preventiva e funcional, “o matcha apresenta claros benefícios para a saúde”, resultantes da sua riqueza nutritiva. “Para desportistas, funciona bem como pré-treino, estimulando a concentração e a energia, melhorando a resistência e o rendimento do treino”, acrescenta.
As vantagens não ficam por aqui. Além do aumento da energia e resistência, devido a um composto semelhante à cafeína, o matcha também acelera o metabolismo devido às catequinas (fitonutrientes antioxidantes), contribui para a regulação dos níveis de açúcar no sangue e promove a perda de peso no contexto de uma alimentação equilibrada.
O seu efeito anti-inflamatório ajuda na prevenção de cancro e envelhecimento precoce, reforçando o sistema imunitário, protegendo o fígado e o sistema cardiovascular e melhorando a saúde da pele. Em atletas, auxilia na recuperação muscular e, sendo normalmente preparado com água, contribui para a hidratação. O seu consumo antes ou depois do treino pode fortalecer os músculos e prevenir lesões.
A presença de L-teanina, um aminoácido que influencia o humor, contribui para reduzir a ansiedade e a insónia, promovendo o relaxamento e melhorando a saúde mental e a capacidade cognitiva. Contudo, como salienta o especialista da clínica Simone Matarazzo, o consumo deve ser moderado devido à presença de teína (semelhante à cafeína): “Pode provocar tremores, palpitações, dores de cabeça, azia, dores de estômago e diarreia.” O consumo é desaconselhado a indivíduos com défice de ferro ou anemia, pois reduz a absorção deste mineral.
Se for preparado de forma tradicional, adicionando apenas água quente, o chá preserva todos os seus benefícios. Contudo, tem um leve sabor amargo que pode resultar na adição de outros ingredientes para o adoçar. Uma das combinações mais populares é o matcha latte, que já demonstrou ter um impacto negativo na absorção de nutrientes.
Um estudo publicado na “Food Chemistry”, em 2011, intitulado “Consumption of Milk-Protein Combined With Green Tea Modulates Diet-Induced Thermogenesis”, revela que as caseínas, presentes na proteína do leite, tendem a ligar-se aos polifenóis, formando complexos que podem reduzir a biodisponibilidade das catequinas e, consequentemente, a sua absorção.
Se quiser preparar a bebida em casa, convém fazê-lo da forma correta, senão não vai obter um bom resultado. O ideal é começar por passar o matcha por uma peneira fina para evitar grumos e, depois de adicionar cerca de 80 mililitros de água quente para duas gramas do pó, bata-o com um chasen (utensílio de bambu) até obter uma espuma e está pronto para beber.
Para preparar o matcha em casa, deve-se peneirar o pó para evitar grumos, misturar duas gramas com cerca de 80 mililitros de água quente e bater com um chasen (utensílio de bambu) até formar espuma. Além da sua forma tradicional, o matcha pode ser incorporado em diversas receitas, como sobremesas e gelados.
