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A campeã europeia de bodyboard mora em Cascais e surfa em Carcavelos

Teresa Padrela faz parte da Escola de Surf Boogie Chicks há 12 anos. No dia 10 de novembro, conquistou o título, em Marrocos.
A jovem é licenciada em educação física e desporto.

Surf, bodyboard ou mergulho. Seja qual for o desporto aquático, poucos locais são tão bons como Cascais para se tornar num dos melhores da Europa na sua modalidade. Se fazer parte da elite de um desporto é uma tarefa bastante difícil, ser o número um não está ao alcance de todos. No entanto, Teresa Padrela conseguiu esse feito e colocou Carcavelos nas bocas da Europa.

Teresa tem 24 anos e conquistou o título de campeã europeia de bodyboard, atribuído pela European Tour of Bodyboard, no passado dia 10 de novembro, em Marrocos. Nascida e criada em Cascais, a jovem começou a surfar aos 12 anos. “A paixão pelo bodyboard surgiu sem querer, de uma forma engraçada. Tinha 12 anos e já não fazia desporto, mas a minha mãe sempre nos disse que tínhamos de praticar alguma modalidade”, começa por dizer, à NiC. “Então ela decidiu ligar a um amigo, professor de surf, que lhe indicou a escola de bodyboard onde estou agora”, acrescenta.

A jovem, que tinha acabado de deixar de praticar ginástica, já tinha experimentado fazer surf numa colónia de férias, mas na altura, não mostrou muito interesse. Com o bodyboard, foi diferente. “Fui experimentar uma aula e, desde que deslizei na primeira onda de bodyboard como deve ser, comecei a sentir esta paixão, que vai aumentando a cada dia que passa“, confessa.

Depois do primeiro contacto com a prancha de bodyboard, Teresa decidiu continuar a aprender e ficar na Boogie Chicks, a única escola de surf só para raparigas, em Carcavelos. “Na altura em que entrei na escola, não havia mais nenhuma só para raparigas e, hoje, continua a não existir”, conta Padrela, sublinhando que o facto de a escola só ter raparigas foi muito importante nessa fase. 

Apesar de morar em Cascais, a jovem surfa, a maior parte do tempo, em Carcavelos e na Praia do Guincho. A influência da zona no desenvolvimento da sua carreira, que atingiu, agora, o ponto mais alto, é óbvia. “Começa logo pelo facto de termos uma costa a dar ondas 365 dias por ano. Ter uma das praias de que mais gosto, com boas ondas, que é a praia do Guincho, é muito bom. Para mim, é uma das praias mais bonitas de todas”, explica. 

Além da beleza, a Praia do Guincho tem um significado especial para a campeã, por ter sido ali que Teresa ganhou algumas etapas do circuito nacional organizadas pela sua escola. Seja em Carcavelos ou no Guincho, o orgulho de ser de Cascais vem ao de cima, sempre que entra na água. “Chegar à praia, e de repente, já saber fazer bodyboard, estarem boas ondas e eu saber apanhar uma, é uma sensação única que me faz pensar: cresci aqui e, agora, posso ir lá para dentro e surfar no mesmo sítio onde os surfistas profissionais da zona costumavam surfar. Eu sei surfar ali”, diz, com orgulho.

Quem mora no concelho tem, habitualmente, muitos aspetos positivos a apontar, não só das praias e dos restaurantes, como também das pessoas. Para Teresa, as comunidades de bodyboard e surf são mais uma prova do bom ambiente que podemos encontrar em Cascais.

“É uma comunidade amiga, apesar de as pessoas falarem muito de uma rivalidade entre o surf e o bodyboard. Não é assim tão comum, não somos inimigos, gostamos todos de boas ondas e de surfá-las e, portanto, o facto de sermos todos daqui e de nos conhecermos todos uns aos outros, acaba por ser bom. É muito bom ir para a água, ver pessoas conhecidas e falar com elas”, refere.

Teresa contou à NiC que os turistas que habitualmente estão nas praias de Cascais são muito respeitadores e não influenciam a sua preparação. Quando questionámos sobre uma das personalidades que mais a marcou ao longo do seu percurso, a jovem não hesita. “Ainda marca hoje em dia, é a Catarina Sousa, a minha atual treinadora. Ela está comigo desde que comecei. Com quase 50 anos, é vice campeã mundial master de bodyboard e tem uma escola a funcionar praticamente 360 dias por ano, só para raparigas. Não só consegue conciliar a vida pessoal, a filha, o marido e a escola, como faz com que tudo funcione bem e seja um sucesso”, admite.

Apesar de já terem passado alguns dias, Teresa admite que “a ficha ainda não caiu”, até porque existe uma época competitiva para terminar. Quanto a ter levado o nome de Carcavelos além fronteiras, a jovem não tem dúvidas. “Sinto que consegui. Em Carcavelos, as pessoas sabem perfeitamente quem é que eu sou, quem são as Boogie Chicks e quem é a Aqua Carca. E quando se fala da Teresa Padrela, toda a gente sabe exatamente de onde é que eu venho. Por isso, acho que o nome de Carcavelos e de Cascais foram bem representados lá fora”, explica.

Por enquanto, a campeã europeia ainda não voltou à praia de Carcavelos, mas tem a certeza de que o regresso será emocionante. “Ainda não fui lá desde que voltei, porque estou em Peniche a preparar outra prova. Acho que vou sentir orgulho, que as pessoas vão estar contentes e eu própria sinto-me orgulhosa por ter aprendido a fazer bodyboard ali e por ter conquistado o título”, conclui.

Campeã (quase) “por acaso”

Passada a emoção de uma conquista tão importante, Teresa revela à NiC um pormenor, no mínimo, curioso. “Fui para Marrocos sem saber de que resultado precisava para ser campeã. Depois de falar com a minha irmã, percebi que, tal como ela, ia querer saber se festejava ou não, de acordo com o desfecho da prova. Só fiquei a saber de que pontuação precisava, meia hora antes da prova. Tinha mesmo de ficar em primeiro, porque o segundo lugar não chegava para ganhar o título. A onda vencedora chegou no último minuto da prova. Foi muito stressante, mas também mais emocionante ganhar assim”.

Carregue na galeria e veja algumas imagens de Teresa nas praias de Cascais.

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