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Cigarros eletrónicos podem provocar “reações inflamatórias agudas nos pulmões”

Em Portugal já foram registados vários casos de doença respiratória grave em jovens asmáticos, alerta especialista.
Em causa está a alergia a certas substâncias

Com um design mais elegante, compactos e disponíveis em vários sabores, os cigarros eletrónicos são cada vez mais populares entre os jovens, que os consideram menos prejudiciais para a saúde do que os tradicionais.

Estes dispositivos aquecem um líquido (que, por norma, contém nicotina, aromatizantes e outros produtos químicos) para produzir um aerossol que é inalado, mas as suas consequências, a longo prazo, continuam por analisar.

O que já se conhece são as consequências a curto prazo, o que levou a Sociedade Portuguesa de Pneumologia a emitir um alerta devido aos vários casos de doença respiratória aguda grave registados em Portugal causados pelo uso de cigarros eletrónicos. É que, além de obrigarem a internamento hospitalar, podem levar à morte.

Cigarros tradicionais Vs. eletrónicos 

Enquanto no caso dos cigarros clássicos foram necessárias “muitas décadas de utilização para saber que estavam na génese das doenças cardiovasculares, enfartes e tumores, no caso dos eletrónicos é diferente, já que estamos a falar de uma reação aguda”, explica Henrique Queiroga, pneumologista nos Hospitais Trofa Saúde.

Em causa estão as várias substâncias que produzem o fumo branco dos cigarros eletrónicos, ao qual algumas pessoas “são hipersensíveis, ou seja, alérgicas a essas substâncias, logo fazem reações inflamatórias agudas nos pulmões”, explica.

“Por isso é que tem um código denominado EVALI, usado para abordar casos de Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrónico, que faz uma reação inflamatória aguda, como se fosse uma reação de hipersensibilidade.”

Esta resposta inflamatória “cria líquido e inchaço dos brônquios e dos alvéolos, o que leva a uma obstrução ao ar que entra. Quando este não passa para o sangue, não há oxigénio e há necessidade de internamento hospitalar nos cuidados intensivos”, refere. Segundo o especialista, estes casos têm sido registados “especialmente entre os jovens que já têm problemas alérgicos, como asma, e que estão a experimentar estes novos cigarros”.

A principal função do pulmão passa por captar o oxigénio do ar, que lhe chega pelos brônquios, e direcioná-lo para o sangue, por ser indispensável ao funcionamento do organismo. Se essas vias estão obstruídas, deixamos de conseguir respirar e entramos em falência respiratória. “Pode ser necessária ventilação mecânica para fazer chegar, ou forçar, a entrada de oxigénio, enquanto a medicação está a atuar”, elucida Henrique Queiroga.

Como é feito o tratamento

Este é administrado como se se tratasse de uma inflamação das vias aéreas. “Como o oxigénio não consegue atingir os pulmões, pois as vias estão obstruídas, há uma baixa de oxigénio, pelo que este tem de ser administrado e, por vezes, ajudar à ventilação e administrar anti-inflamatório, associado a antibiótico.”

Após o tratamento, caso os jovens voltem aos mesmos comportamentos, as reações podem ser ainda mais graves. “Se reincidirem nos hábitos, e uma vez que são sensíveis às substâncias dos cigarros eletrónicos, não só o quadro irá repetir.se como, uma vez que o organismo já está sensibilizado, a reação ainda vai ser pior. Pode mesmo ser fatal”, alerta.

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