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Liberdade de movimentos e conexão: a nossa experiência numa aula de biodanza em Carcavelos

A prática não utiliza coreografias. Cada pessoa é convidada a expressar-se como quiser e a deixar as emoções fluir.
Gustavo Carneiro, no espaço da aula.

Biodanza é uma prática que vai muito além da simples dança. Com raízes no desenvolvimento humano, tem como objetivo promover a conexão consigo mesmo e com os outros, através do movimento, da música e da interação em grupo. Para muitos, é mais do que uma atividade de lazer, é uma jornada de autodescoberta e conexão. A curiosidade levou-nos a experimentar uma aula no Yoga Ashram, em Carcavelos.

O espaço promove uma sessão semanal, onde, através de diferentes movimentos e interações, se incentiva os participantes a libertarem-se de bloqueios emocionais e a abraçar uma vulnerabilidade saudável. Descobrimos, durante a aula, que aquele é um lugar seguro onde a fluidez dos movimentos e a música envolvente, nos permite soltarmo-nos e deixar de lado as tensões acumuladas.

É, no entanto, uma prática que pede espírito e mente abertos. O segredo é só um: deixarmo-nos ir. Entre os principais benefícios relatados pelos praticantes, estão o aumento da autoestima, a redução do stress, a maior capacidade de estabelecer laços sociais e uma sensação de liberdade e espontaneidade.

“A biodanza ajudou-me a redescobrir a empatia e a conexão humana. Aprendi a impor limites saudáveis e a ser mais assertivo nas minhas escolhas”, conta Gustavo Carneiro, 46 anos, que se caracteriza como um facilitador da Biodanza SRT. 

Com supervisão da Escola de Biodanza SRT do Porto, Gustavo já pratica esta modalidade há 10 anos. Conheceu a biodanza enquanto fazia o Caminho de Santiago e, depois de alguma investigação, resolveu “atirar-se de cabeça” e começar a participar num grupo de integração. Em 2020, entrou para a escola e, desde aí, decidiu que “faria todo o sentido” seguir este caminho, como refere. 

A biodanza foi desenvolvida por Rolando Toro (SRT) nos anos 60 e baseia-se num sistema de exercícios que estimulam as funções originárias da vida: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. Ao contrário de outras práticas corporais, a biodanza não utiliza coreografias. Em vez disso, cada pessoa é convidada a expressar-se de forma autêntica, sem pressões ou julgamentos.

É nesta sala que acontece a sessão.

Há dois grupos nesta prática: o de integração é para pessoas que nunca dançaram, acolhendo novos elementos e onde são dadas as primeiras informações sobre as linhas de vivência da biodanza; e o de aprofundamento, uma proposta mais complexa onde se aprofundam essas linhas. 

Uma sessão de biodanza começa com uma roda de partilha, onde os participantes são convidados a falar sobre o que sentiram ou refletiram após a última aula ou algum sentimento que tenham mais presente no momento. De seguida, o facilitador apresenta a linha do dia e inicia um primeiro momento de ativação e outro de regressão, acabando com uma roda em que o grupo está de mãos dadas a movimentar-se.

Durante cerca de 90 minutos, exercícios baseados em música e movimento são realizados, com o objetivo de promover a expressão emocional e a conexão do grupo. Desta forma, pretende-se que os participantes se consigam desconectar do stress da rotina diária, de forma a reconectarem com a sua própria essência.

Podemos afirmar que a experiência de participar numa aula de biodanza, passada alguma estranheza inicial — faz parte — a experiência foi profundamente libertadora. Sentimos uma descontração e prazer genuínos ao movermo-nos sem julgamento.

No final da aula, a sensação de leveza tomou conta de nós. Sentimo-nos como se tivéssemos soltado não só o corpo, mas também emoções que estavam guardadas. Essa sensação de renovação é um dos aspectos mais poderosos da biodanza, conta-nos Gustavo. Para muitos, revela-se uma nova forma de viver.

Embora qualquer pessoa possa beneficiar da biodanza, aqueles que se sentem desconectados do seu corpo ou das suas emoções tendem a encontrar na prática uma ferramenta poderosa de transformação. O facilitador recomenda que quem tem interesse “comece por experimentar aulas abertas, onde pode explorar livremente se a proposta faz sentido para si”.

Historicamente, a prática atraiu mais mulheres do que homens, mas essa tendência está a mudar. “No meu grupo, conseguimos um bom equilíbrio entre homens e mulheres, o que tem sido muito positivo para as dinâmicas”, afirma Gustavo Carneiro. 

Se ficou curioso para experimentar, saiba que a biodanza no Yoga Ashram oferece, à segunda-feira, uma aula a partir das 20h15. As sessões não são gravadas para permitir que os praticantes se sintam à vontade. A sala não tem espelhos, precisamente para não haver a sensação de julgamento. As sessões custam 60€ por mês. 

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Av. Rio Dão 3
    2775-385 Carcavelos
  • HORÁRIO
  • Segunda a sexta das 9h às 21h20
  • Sábado das 9h às 13h

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