Apesar de sempre ter gostado de desporto, Priscila Gonçalves começou a correr para manter o peso saudável. “Queria sentir-me bem e livre. Nessa altura, estava sob um quadro emocional muito forte e, a partir desse momento, dei prioridade ao desporto na minha vida”. Em 2015, ainda a morar no Brasil, no estado da Curitiba, experimentou a modalidade do triatlo e ficou completamente rendida.
Em 2017, decidiu vir para Portugal. Por cá, a esta paixão pelo triatlo juntou-se o ciclismo, algo que no Brasil era impensável. “Aos poucos, comecei a pedalar sozinha pelas estradas, em Cascais, porque tinha segurança para o fazer aqui. A verdade é que já pedalei de norte a sul do País e completei diversas provas”, sublinha a atleta de 43 anos.
Entre os últimos anos, Priscila foi campeã da prova Granfondo Torres Vedras (em 2018 e 2024), do Iron Man (em 2023 e 2025) e classificou-se para a final no Havai. Agora, o passo que lhe faltava completar, era tornar-se a voz para outras mulheres.
Para concretizá-lo, Priscila juntou-se a três amigas. Sofia Bastos (45 anos), Carolina Pessegueiro (42) Jeane de Abreu (58) uniram-se devido a uma paixão comum: o desporto. Apesar de partirem de locais diferentes, a união entre todas surgiu através do ciclismo. “Sou bastante comunicativa e acabei por me conectar com outros praticantes da modalidade em Cascais”.
Primeiro, conheceu Carolina através de um amigo português e foi uma conexão instantânea. Mais tarde, juntou-se Sofia que também estava focada nas provas de ciclismo e, por fim, Jeane juntou-se ao grupo por ser personal trainer focada nas modalidades de ciclismo e triatlo.
No fundo, as quatro amigas decidiram juntar as duas valências e conhecimentos e partilhá-las com outras mulheres do concelho. Nasceu assim o primeiro club de ciclismo do concelho de Cascais, o Veló Women’s Cycling Club em abril deste ano.
Ver esta publicação no Instagram
“O desporto é uma área completamente dominada pelos homens e recebia muitas mensagens de mulheres que tinham vergonha de começar e pedalar sozinhas. Mas também questões de logística como, por exemplo, como pedalar de uma forma confortável durante o período menstrual ou garantir a nossa segurança nos percursos. Por isso, decidimos agregar todas estas perguntas e dar respostas às mulheres”. Apesar de Priscila ter começado este processo no ciclismo sozinha pelas estradas portuguesas, compreende as mulheres que têm receio de fazer o mesmo, principalmente devido aos acidentes que acontecem com cada vez mais frequência.
Assim, a missão do projeto é partilhar conhecimento e criar uma comunidade em Cascais. “Inicialmente, nenhuma de nós sabia quais seriam os equipamentos necessários e até mesmo por onde começar. Queremos dar esse apoio e criar um projeto de inclusão e superação, com a missão de capacitar e conectar as mulheres através do ciclismo. É essencial que cada mulher se sinta encorajada, tanto na vida como na bicicleta”.
O nome é francês e é bastante utilizado no mundo do ciclismo, em França. O club é aberto a quem quiser participar. A lógica é simples: existe um grupo privado no WhatsApp, onde pode deixar as suas questões e preocupações. Brevemente, o grupo planeia criar atividades e workshops para os seus elementos, de modo a que seja possível partilhar informação e educar. “Queremos ensinar a mexer nas mudanças e compreender a mecânica das bicicletas, por exemplo”.
Por enquanto, o club prepara encontros todos os meses. O último aconteceu a 13 de abril e, ao todo, completaram 94 quilómetros. O próximo acontecerá a 17 de maio e será apto para iniciantes e praticantes avançados. Desta vez, o percurso será de 55 quilómetros. Pode ficar a par de tudo através do Instagram e participar ainda no grupo de WhatsApp.
Carregue na galeria para ver imagens do último encontro e provas das fundadoras do Veló Women’s Cycling Club.