fit

Os escaldões eliminam a acne? Uma dermatologista responde à nova tendência do TikTok

A teoria diz que o sol é capaz de queimar e atenuar as manchas faciais. A NiT falou com uma dermatologista para saber se isso é mesmo verdade. Ou não.
Será boa ideia?

A teoria começou, como começa quase sempre, com uma afirmação otimista nas redes sociais, neste caso no TikTok. A promessa: aproveitar o sol de verão para bronzear a pele e, pelo caminho, deixar que os escaldões “queimem a acne”. Uma forma de, supostamente, ajudar a reduzir as manchas provocadas pela condição de pele. 

A NiT pediu à dermatologista Marta Ribeiro Teixeira para nos ajudar a esclarecer esta questão e as respostas não podiam ser mais esclarecedoras. “Trata-se de um procedimento perigoso para a pele, tanto a curto, como a longo prazo. A curto prazo esta exposição solar desprotegida pode levar a queimaduras solares, com consequente aparecimento de manchas e cicatrizes. A longo prazo, esta exposição solar leva ao envelhecimento precoce da pele e aumento do risco de cancro cutâneo”, declara a profissional que exerce funções na clínica Espregueira, no Porto. 

A acne é uma doença de pele que surge quando as glândulas sebáceas (responsáveis pela produção de sebo) ficam inflamadas ou infetadas, dando origem às temidas borbulhas e até pequenos quistos sebáceos. Está muito associada à adolescência, mas nem sempre aparece nesta altura da vida. Muitos adultos entre os 30 e os 40 anos também são afetados por este problema. Estima-se que cerca de 90 por cento da população mundial seja afetada, pelo menos uma vez na vida, pela acne.

A autoestima sofre bastante devido a esta condição, daí que seja comum a invenção de mezinhas e truques para ajudar com o desaparecimento das erupções e das marcas que as mesmas deixam na pele. Segundo a dermatologista, apanhar um escaldão na cara propositadamente para as melhorar é um erro. “Não, não melhoram. E além de não melhorarem, podem agravar-se. É um mito que o sol possa ajudar com a acne ou as marcas”, esclarece.

A sensação de estar com uma pele mais “limpa” e menos oleosa durante o verão deve-se a uma diminuição temporária da produção sebácea durante os primeiros dias. Mas estes efeitos são de curta duração, uma vez que “o sol vai, alguns dias depois, levar à hiperprodução compensatória das glândulas sebáceas, com agravamento do aparecimento de borbulhas e da oleosidade da pele”. “Portanto, a médio prazo o sol agrava a acne.”

A cor bronzeada que a pele ganha durante os meses de calor mostra uma aparente melhoria na aparência das marcas, mas isto apenas se deve a um “efeito de camuflagem”. A falta de aplicação de proteção solar durante as horas de exposição aos raios solares vai acabar por piorar o problema, já que “leva à chamada hiperpigmentação pós-inflamatória (manchas castanhas) e criação de novas manchas e cicatrizes.”

Além de todas as consequências imediatas, “a longo prazo, os escaldões aumentam significativamente o risco de cancro de pele, sobretudo de melanoma”, enaltece. 

Afinal, o que pode fazer para diminuir as manchas do acne?

Antes de mais, quem sofre desta condição deve evitar a exposição ao sol entre as 10 e as 16 horas e usar um protetor solar adequado. “Este deve ser “oil free” (sem óleos) e não comedogénico, para não agravar a patologia.” 

Se ainda não tem manchas na pele, está a tempo de as prevenir, através dos conselhos de um dermatologista. Para o caso de já ter algumas, Marta Ribeiro Teixeira salienta que “são várias as opções terapêuticas e a sua escolha vai variar conforme a gravidade e o tipo de marcas, sendo que alguns tratamentos podem ser combinados entre eles para obter melhores resultados.”

Alguns exemplos são peelings feitos em ambiente médico, laser ou microagulhamento, radiofrequência, preenchimento de cicatrizes com ácido hialurónico e procedimentos tópicos com substâncias como retinoides, ácidos azelaico, salicílico, tranexâmico, glicólico, entre outros. 

MAIS HISTÓRIAS DE CASCAIS

AGENDA