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Road to Ironwomen. O grupo de mulheres que treinam juntas para o IRONMAN

O projeto tem tido um impacto significativo na promoção do desporto em Cascais, inspirando atletas de diferentes idades.
Imagem: Ana Moniz.

Treinar sozinha para uma das provas mais desafiantes do mundo pode ser um caminho árduo. Foi exatamente essa realidade que motivou Matilde Freitas, fundadora do ALMA Retreats, a criar o grupo Road to Ironwomen, que nasceu da vontade de partilhar treinos, superar desafios e, acima de tudo, construir uma comunidade feminina desportiva em Cascais.

A ideia surgiu em setembro de 2024, quando Matilde reuniu algumas amigas num grupo de WhatsApp para coordenar treinos. Com o incentivo do marido Bernardo, atleta profissional e participante em duas edições do Half IRONMAN, começou a treinar para provas de triatlo Sprint (750 metros de natação, 20 quilómetros de ciclismo e cinco quilómetros de corrida), uma jornada que iniciou em junho de 2024 e após o nascimento do seu filho.

A sua primeira competição, o Triatlo Sprint de São Martinho do Porto, foi um marco inesperado. “Achei que ia odiar e desistir, porque o treino era muito solitário. Mas a verdade é que adorei. Foi das melhores experiências da minha vida e ainda fiquei em segundo lugar na minha categoria de prova aberta”, recorda.

O grande ponto de viragem surgiu após o Half IRONMAN de Cascais, quando duas das suas companheiras de treino, Carolina e Fernanda, decidiram inscrever-se para a edição de 2025. “Aí, pensei duas vezes. Com companhia, o desafio tornava-se mais acessível”, explica Matilde. A falta de uma rede de apoio era um sentimento comum entre as mulheres que desejavam praticar desporto, e foi esse vazio que o grupo veio preencher.

Matilde, fundadora do ALMA Retreats, com o filho.

O grupo começou com seis mulheres e, em apenas cinco meses, já reúne 45 participantes. “Muitas já queriam embarcar neste desafio, mas faltava-lhes aquele incentivo da comunidade e companhia”, conta Matilde. O projeto tem tido um impacto significativo na promoção do desporto feminino em Cascais, inspirando atletas de diferentes idades e contextos.

Matilde partilha um dos momentos mais especiais desta jornada: o desafio que lançou à mãe, de 57 anos, para se juntar ao grupo. “Ela só corria e agora está a experimentar o triatlo comigo. Em fevereiro, fez a sua primeira prova Sprint, em Santo André, e foi emocionante vivermos isso juntas.”

Conciliar treinos, vida familiar e compromissos profissionais tem sido um dos maiores desafios para Matilde. Além das horas de treino necessárias – cerca de 10 a 15 por semana –, há toda a gestão do grupo, das redes sociais e a captação de parcerias.

Desde novembro de 2024, o “Road to Ironwomen” conta com o apoio do Clube de Natação e Triatlo de Lisboa e da marca VELV, além de parcerias com a Câmara Municipal de Cascais, que tem oferecido inscrições para provas. Outros apoios incluem os restaurantes Local – Your Healthy Kitchen e Paco Bigotes, o Estoril Wellness, o gabinete de fisioterapia Kosha e o preparador físico Miguel Pinto, dos IronBrothers.

Além dos treinos regulares, as participantes realizam encontros sociais e momentos de recuperação, como almoços e jantares nos restaurantes parceiros ou idas ao circuito termal do Estoril Wellness — uma forma de manter o grupo unido e motivado. Para Matilde, definir pequenos desafios ao longo do ano, como provas mais curtas de triatlo, corridas e competições de águas abertas, também é essencial para manter o espírito competitivo e o foco.

Para quem está a dar os primeiros passos no triatlo, Matilde deixa um conselho valioso: “Começar com o que se tem. Não é necessário ter todo o equipamento de imediato. Quem não tem bicicleta de estrada, pode começar com uma normal. Se não tem fato de natação de águas abertas, um de surf também serve. E, quem quiser levar isto a sério, deve procurar um treinador para um acompanhamento adequado.”

O grande objetivo do grupo, para já, é participar no Half IRONMAN de outubro de 2025. O que virá depois? Matilde não sabe, mas tem uma certeza: “O impacto que temos na comunidade feminina é visível. Quando corro, pedalo ou nado, percebo os olhares das meninas que me veem. Isso move-me profundamente.”

Imagem: Matilde Freitas.

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