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3 artistas, 3 novas obras espalhadas pela Quinta do Pisão para unir arte e natureza

A 11.ª edição da LandArt Cascais foi inaugurada a 8 de junho. Os visitantes podem conhecer as peças até início de setembro.
Uma das obras.

Com 380 hectares de campos em pleno Parque Natural de Sintra-Cascais, a Quinta do Pisão é um daqueles locais que, apesar de estar perto do centro de Cascais, está longe da confusão urbana e perto de uma vida no campo. Com diferentes atividades e experiências ligadas à natureza e aos animais, à arte, agricultura, biodiversidade e muito mais, é um espaço aberto à comunidade. 

No passado mês de fevereiro, a NiC mostrou-lhe, neste artigo, a nova instalação artística da quinta, intitulada “Uma Semente Cria Uma Floresta”, da autoria do artista ambiental Roger Rigorth. Agora, há muito mais para conhecer, já que arrancou a 8 de junho, a 11.ª edição da LandArt Cascais, na Quinta do Pisão. Estará a decorrer até dia 1 de setembro, organizada pela Fundação D. Luís I e pela Câmara Municipal de Cascais.

Esta é uma exposição bienal que junta arte e natureza, exibindo obras de artistas convidados, concebidas especialmente com o objetivo de estarem enquadradas na paisagem da Quinta do Pisão. Além do valor artísticos, esta é uma forma de incentivar o público a conhecer este espaço.

Este ano, a iniciativa conta com criações de Francisca Carvalho, Pedro Vaz e Rui Matos, e curadoria da professora Luísa Soares de Oliveira. A cada artista foi solicitado um trabalho com tema livre, que se integrasse no cenário natural da quinta, a céu aberto, à semelhança dos anos anteriores.

Os artistas foram convidados a trabalharam (sem saberem de antemão os projetos uns dos outros) o conceito de casa e de abrigo. Dois pintores, Francisca Carvalho e Pedro Vaz, e um escultor, Rui Matos, criaram diferentes abordagens a este vasto tema.

“Os trabalhos são muito diversos uns dos outros, mas todos têm origem neste elemento primordial: a existência, real, imaginária ou construída, de uma estrutura assente na divisão entre um exterior e um interior, entre um fora e um dentro, entre a proteção e a sua ausência”, refere Luísa Soares de Oliveira.

“A casa ou o abrigo, nas suas diversas aceções, convocam sempre estas ideias. Protegem, acolhem, resguardam e até, porque estamos num ambiente de parque natural, se instituem como o lugar onde é possível unir a natureza e a cultura”, conclui. 

“A Multiplicação dos Fingidos” de Francisca Carvalho

A artista trabalhou sobre a estrutura já existente de uma capela, que se encontra habitualmente fechada, decorando-a com tinturaria de corantes naturais, numa obra a que chamou “A Multiplicação dos Fingidos”. Como materiais usou corantes vegetais e minerais em tecido 100 por cento algodão. 

Sobre a obra, Francisca Carvalho revela: “A instalação consiste em pousar os cerca de vinte e quatro tecidos tingidos e cortados em forma triangular no chão, cromaticamente intercalados, justapostos, cobrindo a totalidade do chão da Ermida até ao degrau que delimita o pequeno altar. É certo que a obra que aqui apresento interpreta, mais do que reitera, a noção de LandArt, tendo de ‘Land’ a sua matéria e posição, os extratos vegetais vindos da terra e a horizontalidade do chão na instalação da Ermida”. 

Obra de Francisca Carvalho.

“One-night Shelter” de Pedro Vaz

O artista construiu, no meio da paisagem da quinta, um abrigo efémero, que intitulou “One-night shelter“, onde o caminhante que percorre a quinta se pode abrigar e, mesmo, permanecer durante algum tempo. Nesta instalação, Pedro Vaz utilizou madeira, contraplacado, vidro acrílico, parafusos, dobradiças e cinta adesiva.

“A inspiração surge do próprio conceito de Bivaque — Bivouac em francês, que designa um acampamento rudimentar para pernoitar na natureza. Pode ser feito numa tenda de campismo ou ao ar livre, ou mesmo a adaptação, construção de um abrigo rudimentar com matéria orgânica da própria natureza. Assim, a partir desta ideia de contacto com a natureza, a obra consiste na construção de um abrigo em madeira, pensado para resistir às intempéries da Serra de Sintra, que possa durar até ao próximo LandArt Cascais 26″, revela Pedro Vaz.

Obra de Pedro Vaz.

“Passagem Cega” de Rui Matos

Rui Matos focou-se na construção de uma espécie de ruína arqueológica fictícia, intitulada “Passagem Cega“. A instalação foi criada a partir de um monólito em chapa de ferro e, no seu interior, degraus que descem até uma parede sem passagem.

Sobre a sua obra, o artista refere: “Na Quinta do Pisão, preparou-se uma área plana de terra com aproximadamente dez metros de comprimento por cinco metros de largura. No centro, rebaixou-se o terreno na profundidade de um metro para aí colocar a ‘Passagem Cega’. A descoberta de algo que sempre ali esteve. A memória de uma impossibilidade. A cor da terra remexida e a cor do ferro oxidado vão-se fundir numa peça só”. 

Obra de Rui Matos.

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