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A arte foi o escape a uma infância difícil. Agora, faz colagens super originais em 3D

A artista cascalense Carla Pratas criou a Nympha Decor, em abril de 2024, e até já teve o seu trabalho divulgado por Madalena Abecasis.
Carla Pratas com uma das suas obras.

Carla Pratas não teve uma infância fácil. À New in Cascais relembra o cenário de pobreza em que vivia, sem brinquedos e luxos. No entanto, a maior tristeza dessa época era sentir que vivia sem amor. A mãe abandonou-a, ainda muito nova, e o pai tinha graves problemas de alcoolismo. No entanto, encontrou um escape na arte. 

Até aos dez anos, a criatividade era o portal para um mundo melhor. Cortava naprons velhos e fazia vestidos para as bonecas usadas. Era pouco, mas o suficiente para mantê-la feliz, enquanto explorava o seu talento artístico. Hoje, com 39 anos, Carla ainda sente o mesmo entusiasmo quando começa uma peça nova. Nesse momento, volta a ser aquela miúda que sonhava em viver da sua arte. A verdade, é que, neste momento, a cascalense está dedicada ao projeto Nympha Decor. 

“A minha infância atribulada criou a pessoa que sou hoje, uma mulher emotiva, com força e que gosta de cuidar dos outros. Foi difícil. Quando o meu pai morreu, ainda era uma miúda e a minha família biológica não quis cuidar de mim. Fui adotada e a minha vida estabilizou um pouco”, conta Carla à New in Cascais. Enquanto acabava o ensino secundário, começou a trabalhar num supermercado, onde fazia reposição de stock e caixa. 

Assim se manteve durante 18 anos. Ao longo deste tempo, a criatividade continuava presente e Carla arranjava todos os pretextos para oferecer presentes artísticos, ao mesmo tempo que criava decorações. “Quando o Natal chegava, o meu sentimento de cuidar dos outros também entrava em ação. Fazia as decorações e ofertas para a minha família e amigos”, relembra.

“Fazia candeeiros com musgos, pinhas e outros objetos, até cheguei a reaproveitar televisões que já não funcionavam para fazer terrários” conta. Embora tenha recebido várias propostas para subir de cargo na retalhista em que trabalhava, Carla optou por deixar o trabalho de supermercado em abril deste ano. Despediu-se e decidiu abraçar o mundo da arte, tudo graças ao filho, João Vicente, que tem apenas cinco anos.

“O João é a melhor coisa da minha vida, fez-me crescer muito e, além disso, ajudou-me a libertar o meu lado artístico. Estou sempre a pintar com ele e nota-se já que tem talento. Quando ele nasceu, eu abri a minha marca, a Nympha Decor. Acabou por não ser nada sério nem contínuo, até agora”, esclarece.

Depois de vários trabalhos e experiências, Carla decidiu mostrar ao mundo o seu estilo único, com peças de arte que têm por base colagens feitas em 3D, enquadradas em diferentes molduras. Foi descoberta pela irmã de Madalena Abecasis, Filipa, que lhe disse que devia “dar o salto e entregar-se” ao mundo das artes. A influencer de Cascais acabou mesmo por partilhar o seu trabalho nas redes sociais.  

Um dos exemplos do estilo de Carla.

As encomendas aumentaram e Carla Pratas tornou-se mesmo numa das artistas mais emergentes de Cascais. Vive no concelho à cerca de dez anos e tem dado a conhecer o seu trabalho em vários restaurantes e hotéis da zona.

“Não me arrependo da minha decisão. Posso ainda não conseguir um ordenado completo com o meu trabalho, mas estou concretizada e realizada. Aqui posso criar o meu mundo, aquele que nunca tive”, acrescenta.

Começou por fazer molduras com areia da praia, imagens em vinil e trabalhar diferentes temas. Depressa ganhou um estilo próprio e hoje os seus trabalhos são reconhecidos pelo toque particular com que os produz, com muita cor e uma técnica original.

Para fazer estas obras, Carla utiliza plástico, flores de espuma, conchas, berlindes, borboletas e tintas acrílicas. O valor mínimo das peças é de 50€ e cada obra demora cerca de seis horas a fazer. As encomendas podem ser realizadas através da página de Instagram e são completamente personalizáveis, podendo incluir fotografias de pessoas.

Carregue na galeria e conheça alguns trabalhos da artista cascalense.

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