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Conheça a história do castelo de luxo da Marginal que esconde uma lenda

O Castelinho fica no Estoril e ficou conhecido por estar associado à história trágica de uma menina cega.

Em Cascais, há muitas histórias que se escondem entre as paisagens à beira-mar, palacetes ou chalets que em outros tempos pertenceram à realeza portuguesa. É neste cenário que nasceram várias lendas e contos que passaram de geração em geração. Uma delas fica junto à Marginal e há quem fale em atividade paranormal.

“Não me recordo de quando tudo começou, mas sei que estava numa viagem de carro quando a minha mãe me contou a história. Nasci e cresci em Cascais e, desde que me lembro, sei da existência dessa lenda. Todos os miúdos ficaram fascinados pela história”, começa por contar Afonso Mendonça, agente imobiliário que partilhou a história do Castelinho nas suas redes sociais.

A lenda da menina cega

Reza a lenda que uma família habitava o Castelinho, entre eles uma menina cega que um dia, tragicamente, caiu da falésia. Há quem diga que, em sua memória, os pais terão doado a moradia à Santa Casa da Misericórdia.

No entanto, há versões que contam que a menina seria uma das pacientes da instituição de apoio aos cegos e um dia, enquanto dançava, terá caído da falésia. Independentemente da versão, o desfecho é sempre o mesmo: uma menina que morreu numa falésia junto à Marginal.

O Castelinho é uma casa intrigante, não apenas pela sua história. A própria localização chama a atenção, por ser isolada. Por isso, decidi contar a história na minha página, para que todos que conheçam possam partilhar a sua opinião e tornar a viagem mais interessante para quem nunca ouviu falar”, explica o agente.

 
 
 
 
 
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Uma publicação partilhada por Afonso Mendonça (@afonsodsmendonca)

Até aos dias de hoje, há quem acredite que o Castelinho está assombrado pela menina, que continua a deambular pelos muros da propriedade. Uma destas pessoas foi José Castelo Branco, que ponderou comprar a casa em 1983, mas mudou de ideias. Em entrevistas, diz ter visto uma menina a brincar com outras miúdas junto à falésia.

“Claro que todos já ouvimos histórias sobre o que se vê na casa, mas essa nunca foi a minha experiência, nem conheço alguém que tenha visto algo fora do normal por ali”, garante Afonso. “No entanto, achei de um humor fantástico os atuais proprietários terem colocado o sinal de aviso de presença de fantasmas“. A verdade é que a casa esteve abandonada durante alguns anos, até ter sido novamente vendida.

A última vez que o Castelinho esteve à venda foi em 2016. Foi descrito como um pequeno castelo construído no século XIX, com cerca de 424 metros quadrados, inserido num terreno de 1600 metros quadrados. A casa de quatro andares inclui sete quartos, uma piscina, jardim e uma vista deslumbrante para o mar. Na altura, foi vendida por 3,5 milhões de euros.

Qual a veracidade da história?

Antes de ser o Castelinho, existiu efetivamente uma instituição de apoio aos cegos, apenas a uns metros de distância, o Instituto Branco Rodrigues. O espaço esteve em funcionamento até aos anos 70, pelas mãos de José Cândido Branco Rodrigues, que se dedicava ao estudo de formas de ensino de pessoas cegas.

Antes do Estoril, fundou outro instituto em Lisboa, um jornal para cegos e uma escola especializada no Porto, sendo ainda o responsável pela introdução de escrita Braille em Portugal, segundo registos da Câmara Municipal de Cascais. 

Em 1926, Branco Rodrigues faleceu e, no seu testamento, deixou o instituto à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, onde se manteve até aos anos 70. Mais tarde, a instituição mudou-se para a Parede, deixando o espaço ao abandono durante vários anos.

O castelo de sonho do Dr. Cebola

Ainda assim, não se pode falar do Castelinho sem contar a história de Luís Cebola, o médico psiquiatra que mandou construir a moradia tal como hoje a conhecemos. A casa foi construída em 1927 e foi aqui que morou, tendo ficado conhecida como o “chalet do Dr. Cebola”.

“Nasceu a partir de um sonho pessoal de ter um pequeno castelo, que alia a imagem de fortaleza a um aproveitamento panorâmico da face meridional, voltada ao oceano”, podemos ler nos registos da Câmara Municipal de Cascais. “Esta, concentra grande parte dos conceitos neo-medievais, com vãos de arco apontado abrindo para dois varandins sobre o mar, o superior em forma de um qualquer castelo gótico”. 

Em 1969, a casa sofreu algumas obras de remodelação, que incluíram a construção de uma piscina e, em 1997, acrescentou-se um SPA com sauna.

Carregue na galeria para ver algumas imagens atuais e antigas do Castelinho. 

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