Como seria ler uma revista de lifestyle portuguesa no dia 25 de abril de 1974, pouco antes da revolução? Esta foi a premissa para criarmos uma edição especial da New in Cascais que estará online na quinta-feira, para celebrar precisamente os 50 anos do 25 de abril. Ao longo dos últimos meses, a nossa redação procurou saber quais eram as maiores novidades desse mês, semana ou dia no concelho.
O resultado final é uma edição escrita, pensada e desenhada como os jornais da época e que vai poder conhecer a partir da meia-noite desta quinta-feira, no site da New in Cascais. São dezenas de notícias, reportagens e entrevistas que servem de fotografia daquele dia específico e que nos mostram como tantas coisas mudaram nestas décadas — e como outras continuam iguais. Alguns excertos dos textos mais sensíveis estão riscados a azul, à semelhança do que a Direção dos Serviços de Censura da PIDE costumava fazer nos órgãos de comunicação social.
A NiT e as outras cinco revistas de imprensa regional do universo MadMen também terão uma edição especial com a mesma linha editorial no 25 de abril. Por isso, basta abrir os sites da NiT, New in Cascais, New in Oeiras, New in Seixal, New in Porto, New in Setúbal e New in Coimbra para saber tudo o que estava a acontecer em cada uma destas zonas do País.
Além disso, a rádio NiTfm vai ter uma programação especial neste dia com notícias da época e uma playlist composta exclusivamente por temas que estavam nas principais tabelas de música do início dos anos 70. Esta escolha ficou a cargo do histórico radialista português, Luís Filipe Barros. A grelha será igualmente transmitida nas 56 estações do Metro de Lisboa, ao longo de todo o dia 25 de abril.
“A redação começou por tentar responder a uma pergunta, acabou por criar sete revistas e uma rádio. Este exercício — que tentámos que fosse o mais realista possível — permite-nos, de certa forma, compreender como era a vida cultural e social dos portugueses durante o Estado Novo”, diz Jaime Martins Alberto, publisher e diretor-geral da MadMen.
E acrescenta: “Ao contrário do que as gerações mais novas pensam, também havia concertos, filmes no cinema, peças no teatro e restaurantes novos durante a ditadura. Tínhamos uma elite que consumia tudo o que acontecia lá fora, que organizava tertúlias nos cafés e verdadeiros espetáculos políticos — sempre com vontade de transformar a nossa sociedade. O problema é que existia em simultâneo um País pequeno, cinzento e reprimido. E, sobretudo, com muito medo da mudança de regime. Penso que a nossa edição ilustra bem essa dicotomia”.