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Este boutique hotel a meia hora de Cascais quer ser uma espécie de LxFactory (fora de Lisboa)

Além do alojamento, o espaço pretende ser um centro cultural com obras de artistas portugueses e dos PALOP.
É um alojamento diferente.

Podia ser mais um simples hotel a poucos minutos de Cascais, mas a Quinta dos Lobos, em Sintra, quer ser muito mais do que isso. Situado em pleno centro histórico da vila, o projeto reúne, no mesmo espaço, cultura, história e natureza envolvente, com uma forte aposta em artistas nacionais. “Queremos ser uma espécie de LxFactory no futuro, um creative hub para ajudar os artistas mais jovens a exporem os seus trabalhos”, revela Dyane Negreiros, uma das fundadoras do projeto.

Nascida e criada em Amesterdão, tem família portuguesa e sempre manteve uma ligação especial com o País. Foi isso que a levou a mudar de vida, há cerca de seis anos, quando decidiu despedir-se da cidade que a viu crescer para assentar em Lisboa.

“Estava a precisar de algo novo. Em Amesterdão já estava tudo visto, já estava tudo feito. Pensei em voltar para as minhas raízes, criar algo diferente em Portugal e ajudar o meu País”, conta a empresária de 35 anos. Ao chegar fundou a sua própria empresa, a Blended Group, que ajuda negócios no mercado português na área do design, criação de marcas, arquitetura e design de interiores, mas isso foi apenas o início.

Em Sintra encontrou o espaço perfeito para dar vida ao projeto que idealizava há algum tempo: um alojamento com um twist diferente. Com o parceiro de negócios, Vasco Lopes, adquiriu a propriedade com três hectares e começou a trabalhar em todo o processo que arrancou em 2020.

“A quinta estava totalmente destruída. A ideia inicial seria transformá-la numa espécie de Airbnb, mas quando vi este palacete pensei que até podia ser um hotel de cinco estrelas”, recorda. O interior, confessa, “é maravilhoso”, mas os “jardins dos tempos dos reis” é o que mais chama a atenção. “Todo o espaço tem uma magia incrível, com lagos bonitos, fontes em pedra, flores em todo o lado”, descreve.

Apesar de não conhecer muitos detalhes sobre a história do local, sabe que começou por ser uma igreja e que depois pertenceu “a uma família de grande nome”. Mais recentemente, funcionou como um hostel que fechou por volta de 2019. “As pessoas estragaram toda a beleza do palacete. Quando vi o estado fiquei chocada, foi um ataque ao património português, que nunca deve ficar sem a sua identidade.  Portanto tentei trazer de volta a identidade do local, misturando um pouco o antigo com o nome”, sublinha.

Durante dois anos, Dyane dedicou-se à recuperação do espaço: foi ela quem pintou tudo, quem colocou os papéis de paredes e as mobílias que pertenciam à sua família. “Era a pandemia e estava tudo fechado. Queria arranjar coisas assim mais vintage então fui ao Alentejo, para o meio do nada, para conseguir trazer algumas obras para decorar a quinta”, revela.

 

 
 
 
 
 
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Sem qualquer experiência na área, a dupla recuperou o local e abriu o boutique hotel em junho de 2022, com apenas um quarto. Nos meses seguintes inauguraram os restantes sete e o último abriu ao público em setembro do ano passado. Cada um deles ganhou o nome de uma espécie de lobos, como o lobo-ibérico, o lobo-negro, o lobo-mexicano ou o lobo-gris.

A decoração é o grande destaque das unidades de alojamento, até porque nenhum quarto é igual. A sensação que dá é que os hóspedes estão a dormir num palacete antigo, mas com as comodidades modernas dos dias de hoje. A abertura da parte do alojamento foi apenas o primeiro capítulo da história da Quinta dos Lobos. No início do ano, em janeiro, inauguraram também o restaurante Na Boca do Lobo e o quiosque com esplanada, com vista para todo o verde do jardim. 

O Lobos Garden beneficia de jardins para passear, uma fonte com água fresca vinda da serra de Sintra, um antigo tempo de cerimónias, um grande lago e uma “floresta mágica” para explorar, onde a flora e a fauna são uma “pérola a não perder”.

A partir do verão, o espaço de restauração vai passar a ter opções de comida dos PALOP. “Queremos que os turistas tenham uma degustação do que é Portugal, mas também dos países que pertencem à nossa história”, reforça. No exterior colocaram recentemente uma tenda especificamente para casamentos, com capacidade para 150 convidados.

“Tem sido uma viagem turbulenta, até porque foi tudo feito do zero. Agora queremos trazer mais coisas e ajudar os jovens artistas portugueses e do mundo PALOP”, afirma. A parte mais artística deverá arrancar no início de outubro. “Acreditamos que é um projeto que vai revolucionar a área e chamar mais a parte contemporâneo. Queremos que as pessoas venham a Sintra para ver os nossos artistas portugueses e dos PALOP. O meu objetivo é abraçar todos os países que falam português.”

Admite eventualmente criar uma “espécie de Quinta da Regaleira”, onde os visitantes pagam bilhete diário e podem andar pelas áreas do espaço. “A ideia é que as obras estejam espalhadas pelo hotel inteiro e tudo o que está lá possa ser vendido, exceto a parte da mobília”, explica. Tudo será feito em torno da arte. 

Ideias não faltam. Além de colocar no espaço obras de artistas, Dyane quer publicar uma revista de seis em seis meses, com informações sobre os artistas expostos e sugestões de planos para fazer em Sintra.

Para já, pode ficar hospedado num dos oito quartos da Quinta dos Lobos. No futuro, os responsáveis esperam adicionar bungalows pelo terreno. Os preços rondam os 80€ e os 300€ por noite, dependendo da época, e as reservas podem ser feitas online.

Carregue na galeria para conhecer melhor a Quinta dos Lobos.

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