Vasco Alves estava com um amigo a visitar um bunker militar abandonado na zona de Cascais quando decidiu aventurar-se além do que tinha planeado. Ao abrir uma das portas que estava fechada, a dupla teve acesso a uma sala onde antigamente se guardavam mísseis. Como é habitual, o jovem enviou primeiro um drone para dentro do espaço, mas rapidamente percebeu que algo estava errado.
“Meti o drone para ir à nossa frente e sempre que chegava a uma zona, subia e batia na parede”, recorda à NiC o videomaker de 23 anos. “A primeira vez que isto aconteceu, pensei que tinham sido os sensores. Mas experimentei uma segunda vez e sempre que chegava ao mesmo sítio, subia e batia na parede. À terceira vez, aconteceu o mesmo e decidi que não ia entrar”, acrescenta, entre risos.
O amigo, que é “ainda mais louco” do que ele, acabou por entrar e realizar as filmagens da sala. Correu tudo bem, sem mais sustos, mas até à data, Vasco confessa que não sabe o que terá provocado o problema no drone. “A sala não tinha grande coisa, era mesmo só onde estavam os mísseis pendurados”, partilha. “A porta estava fechada com um cadeado esquisito, só que, como as fechaduras estavam muito enferrujadas, conseguimos abrir sem problemas.”
A experiência foi uma das bizarras que o jovem já viveu, mas isso não o impediu de continuar a explorar os locais deixados ao abandono no País. O gosto pelo urbex (nome dado à exploração de sítios devolutos) já é antigo. Surgiu ainda na altura que o Palácio da Disney, uma propriedade em Sintra, se tornou viral, em 2020.
“Vi vários vídeos no TikTok e decidi ir à procura com uns amigos”, sublinha. “Não sabíamos a localização exata, mas fomos lá para aquela serra onde é o palácio e andámos de um lado para o outro até que encontramos. Ficamos lá dentro uma hora e meia e na altura ainda havia muitas coisas da casa em si, não estava tudo destruído.”
Nesse ano, chegou a fazer um vídeo do palácio que se tornou viral nas redes sociais, mas depois deixou de partilhar as aventuras online. Só recentemente, em março, voltou a filmar os locais abandonados que visitava, em Portugal.
View this post on Instagram
Uma das regras principais do urbex é não partilhar a localização exata dos locais, para evitar que sejam vandalizados ou até mesmo roubados — outro dos princípios é nunca levar nenhum bem encontrado para casa. E, no início, não foi fácil encontrar novas propriedades para explorar.
“Antigamente, via no TikTok os sítios e as localizações, mas chegou um ponto que estagnaram. Portanto, comecei a passear pelas zonas mais antigas à procura. Vou sempre com um amigo meu porque esses sítios têm uma energia muito pesada para ir sozinho”, confessa.
Sempre que encontra um edifício ou uma habitação que lhe chama a atenção, decide explorá-lo. E, em muitas casas, acaba por descobrir a sua história com a ajuda de vizinhos e pessoas locais.
“Às vezes até conhecem os donos e perguntamos se podemos entrar”, partilha. No entanto, em outros casos, não tem oportunidade de pedir autorização e, muitas vezes, tem de ser criativo para conseguir entrar nos terrenos.
Além disso, já no interior, também não está livre de perigos. “Houve um dia em que fui com um amigo explorar uma casa com chão de madeira que estava quase toda a cair. Ele pisou uma madeira que se desnivelou e caiu mesmo”, recorda. “Quando olhei para trás, ele tinha uma perda enfiada no chão e outra para cima. Para o tirar foi muito complicado, porque tinha medo de ir ter com ele e cairmos os dois. Mas correu bem.”
Em muitos passeios, o jovem também encontra outros entusiastas do urbex ou até mesmo pessoas em situação de sem abrigo. Num dos hotéis que visitou, em Cascais, chegou a conversar com um casal que ali vivia. São tudo experiências que o jovem vai reunindo no seu mapa de aventuras.
Carregue na galeria para ver algumas fotografias tiradas por Vasco, nos locais abandonados que já visitou.
